A Organização das Nações Unidas consagrou 2000 o Ano Internacional por uma Cultura de Paz. A ONU propõe que nos dediquemos a construir entre os povos, as comunidades e também nas relações interpessoais uma nova forma de convivência humana, baseada na paz e na não-violência.
Desde os profetas bíblicos, todos sabemos que só pode haver paz fundamentada na justiça e no respeito aos direitos de cada ser humano, de todos os povos e do planeta terra. O século XX foi um dos mais violentos e sangrentos de toda a história. Em todos os continentes, aconteceram guerras, revoluções frustradas, conflitos e massacres de multidões. Infelizmente até as religiões conviveram com a guerra e legitimaram sociedades injustas e opressoras, quando deveriam ser fermento de paz e de justiça. O cristianismo também chega ao final do seu segundo milênio com uma grande e pesada divida com a humanidade.
Agora, na mudança do milênio, como cristãos somos convocados a empenhar uma parte significativa de nós mesmos para fazer a diferença nesta cultura de guerra e violência em que vivemos. Há sinais no mundo inteiro de uma busca de paz e harmonia cósmica, seja entre as religiões, seja entre organismos internacionais e grupos que desejam contribuir para tornar o planeta mais habitável. A Semana de Oração pela Unidade das Igrejas é um momento em que as Igrejas se unem, em comunhão com todas as religiões e com todos os que são pela paz e pela justiça, para pedir que Deus nos dê a graça da unidade e conceda ao
mundo a paz.
A oração certamente não esgota todo o esforço para responder à crescente onda de violência em que vivemos, mas ela tem uma força própria e aponta o caminho mais próximo: “realizar em nossa própria vida a mudança que desejamos para o mundo”, como ensinava Mahatma Gandhi, o grande profeta da paz. Não há ecumenismo nem compromisso com a paz sem a conversão do coração. Trata-se de um método espiritual que envolve a vida inteira e define nosso estilo de vida. Quando oramos juntos pela unidade e pela paz, nós nos engajamos de modo íntimo e pessoal nesta busca, para chegar a dizer com o Patriarca Atenágoras: “É preciso chegar a desarmar-se. Tenho lutado nesta guerra durante anos. Foi terrível. Mas, hoje, estou desarmado”. Se as Igrejas forem capazes de testemunhar a unidade, será um ótimo começo.
Convidamos cada um, cada uma de vocês a fazer deste tempo pascal, e mais ainda da Semana de Oração pela Unidade, um tempo para reunir o coração na prática concreta da não-violência, e ocasião de uma mais intensa oração “para que todos sejam um”. Deixemo-nos animar pela palavra de Gandhi: “Coisas que jamais foram sonhadas estão sendo vistas diariamente, o impossível está a todo instante se tornando possível. Ficamos constantemente impressionados com as descobertas espantosas no campo da violência. Mas afirmo que descobertas ainda mais espetaculares e aparentemente impossíveis serão feitas no campo da não-violência ”.
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