50 anos depois da promulgação da Sacrosanctum Concilium (SC), Constituição do Concílio Ecumênico Vaticano II sobre a Sagrada Liturgia, com a profunda reforma que este documento provocou na vida da Igreja, é tempo de reconhecer como sopro do Espírito os passos dados e todas as vitórias conquistadas. A data da comemoração é dezembro de 2013, mas os preparativos já fazem parte da festa.
Contudo, é tempo também de avaliar e marcar novos começos. Justamente neste momento, defensores da liturgia tridentina superada pelo Concílio Vaticano II, encampam verdadeira campanha que põe em risco a obra do Espírito nos 60 anos do movimento litúrgico e no esforço de renovação de toda a Igreja nestes quase 50 anos.
Estamos propondo um mutirão para contribuir com esta comemoração, em parceria com a Rede Celebra, somando forças com a CNBB, com o Centro de Liturgia, com a ASLI e com as comunidades preocupadas e empenhadas em dar continuidade à reforma litúrgica no Brasil, como bem sinalizou o Seminário Nacional de Liturgia realizado em Itaici nestes dias. Continuando o assunto da primeira edição deste ano, este número da revista tratará o tema do ano litúrgico no seu conjunto, como caminho pedagógico da fé.
Num mundo em que tudo acontece em ritmo acelerado, desiquilibrando os ritmos cósmico e biológico, redescobre-se o valor do ano litúrgico como uma ordem em sentido inverso. Propondo o tempo da oração e da festa no contra ponto do trabalho e da eficiência técnica, o ano litúrgico lembra ao ser humano a necessidade vital de desacelerar e sempre voltar ao que é essencial e permanente. Associando o tempo à salvação de Deus, em Jesus, cada celebração litúrgica ao longo do ano traz a memória do Verbo de Deus; à luz deste mistério vemos as lutas que travamos no dia a dia e experimentamos em nós a força da luz vencendo as trevas.
A quaresma chega mais uma vez não como mera repetição, mas como um novo começo a despertar todos os nossos sentidos para o mistério do ‘tempo propício’. Sendo ‘sacramento de conversão’ o tempo quaresmal pede uma nova adesão de fé à salvação que Deus já realizou em nós pelo Batismo. Na liturgia podemos experimentar a salvação como cura de todas as nossas enfermidades e, aderindo a Campanha da Fraternidade, nos comprometer com a ‘saúde pública’.
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