Vivemos hoje o grande impasse da descontinuidade a respeito da reforma litúrgica, proposta pelo Concílio Vaticano II. Com embalagem moderna, volta-se com extrema facilidade às formas tradicionais que reinavam antes do Movimento litúrgico. Trata-se de uma liturgia rubricista, cerimônias externas, centrada na figura do padre, sem evangelização e desvinculada do cotidiano. Uma liturgia que não alimenta a fé e que dá margens a uma espiritualidade por demais subjetiva, pouco eclesial, baseada em práticas devocionais estranhas à verdadeira tradição da Igreja.
Certamente não estamos diante de uma questão meramente litúrgica. Piero Marini não exita em afirmar que a crise da liturgia é a crise da Igreja, e lembra que a reforma litúrgica do Concílio Vaticano II não foi uma simples reformulação dos ritos, mas correspondia aos objetivos do próprio Concílio: crescimento da vida cristã, unidade dos cristãos e missão da Igreja no mundo contemporâneo.
Portanto, a pastoral litúrgica terá que discutir os modelos de Igreja que se impõem e optar decididamente pelo modelo pautado no conceito de Igreja Povo de Deus, sacerdotal pelo batismo, ministerial. Não será uma tarefa fácil, visto que os instrumentos a serviço do retrocesso são de grande porte e atingem longas distâncias. Contudo, é preciso encontrar formas de resistência e espaços de atuação, que façam a diferença pela qualidade de conteúdo, de relação humana e de compromisso ético.
Nesta perspectiva, a própria liturgia renovada, traduzindo e expressando em linguagem simbólica a realidade da fé, poderá ser ponto de convergência e de partida no processo de re-significação do ser Igreja, comunidade de fé em busca de sentido e de referências concretas para o seu agir no mundo. Uma liturgia de qualidade na qual a assembléia faça experiência do mistério, em palavras e gestos geradores de sentido e de atitude perante a vida.
Grande importância há de ser dada à catequese, como caminho de iniciação à fé em Jesus e como processo continuado de adesão e comprometimento, no ser discípulo(a) e missionário(a) a serviço do reino no mundo. Especialmente neste ano catequético nacional, teremos oportunidade de contribuir neste mutirão de fortalecimento da catequese, como serviço eclesial. Será uma oportunidade de aprofundar a relação entre catequese e liturgia, segundo o método mistagógico da Igreja, reapresentado pelo Ritual de Iniciação Cristã de Adultos.
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