Nos próximos dias (18-21 de maio) estaremos celebrando o 15º Congresso Eucarístico Nacional, em Florianópolis. Inicialmente, os congressos eucarísticos concentraram sua preocupação pastoral sobre a doutrina da presença real, visando fortalecer a devoção dos fiéis ao Santíssimo Sacramento. Hoje o grande enfoque de um Congresso eucarístico é o de recordar à Igreja o que Concílio Vaticano II afirmou a respeito da eucaristia.
A grande intuição do Concílio era voltar à simplicidade inicial da eucaristia, com sua estrutura fundamental de Ceia, do jeito que Jesus fez e pediu que fizesse em sua memória; resgatar o profundo sentido deste gesto de Jesus às vésperas de sua paixão e possibilitar ao povo a participação ativa, consciente e plena na ação eucarística, sacramento da páscoa de Jesus. O Concílio enfatizou que toda a liturgia é cume e fonte da vida da Igreja, especialmente a eucaristia, mas a eucaristia como ação, comunidade reunida, escutando a Palavra, dando graças, partindo o pão, comendo do pão e bebendo do vinho, em memória de Jesus.
Um congresso eucarístico deverá reforçar tudo isso, sobretudo no atual momento em que vemos reaparecer assustadoras deformações na maneira de conceber e de expressar o sacramento da unidade. Será uma grande oportunidade para retomar todo o esforço de mais de 40 anos de reforma litúrgica, cuja finalidade foi a de qualificar a celebração, para que pudesse ser fonte de inspiração e de transformação a serviço do reino. E numa Igreja como a nossa em que mais de 70% das comunidades não pode celebrar a eucaristia todos os domingos por falta de ministro ordenado, será o momento de perguntar sobre possíveis respostas ao anseio do povo pela celebração dominical da eucaristia.
Diante das deformações atuais, que inclui a supervalorização da devoção eucarística em prejuízo da celebração, será importante voltar ao ensinamento da Igreja pós-conciliar sobre a conservação da eucaristia fora da missa: comunhão aos doentes, em primeiro lugar, e, em segundo, adoração do Cristo presente nas espécies, mas sempre em estreita relação com a celebração (EM nn. 49-60). É igualmente indispensável valorizar a profunda reverência do povo diante das sagradas espécies, mas jamais fazer disso motivo de volta ao triunfalismo que nada tem a ver com a memória essencial da fé.
De fato, a reserva depois da celebração é perene lembrança do mistério celebrado e a oração pessoal, diante do Santíssimo, retoma e aprofunda, em forma de contemplação mistagógica, o mistério do amor que venceu a morte. As palavras da nossa adoração é a própria Palavra de Deus, proclamada e meditada comunitariamente, são as orações que dirigimos ao Pai juntamente com o ministro durante a celebração. Se a finalidade da eucaristia é a transformação do pão e do vinho em corpo e sangue de Cristo e a transformação da própria Igreja num só corpo, pela ação do Espírito Santo que invocamos na oração eucarística, a adoração eucarística torna-se para nós um tempo necessário de assimilação e adesão pessoal que nos ajudará a viver conforme celebramos.
Avaliações
Não há avaliações ainda.