O evangelhos estão cheios de passagens em que Jesus senta-se com as pessoas para comer e beber. Muitas vezes reunia ao
redor da mesa os excluídos das rodas sociais, as prostitutas, os cobradores de impostos. Este gesto de comer e beber juntos é característico da missão de Jesus e parece antecipar o seu próprio objetivo de reunir os pobres em torno da mesa do reino. Também depois da ressurreição, muitas vezes, ele come com os discípulos. Pedro pode dizer: comemos e bebemos com ele depois de sua ressurreição.
As comunidades guardaram a lembrança destas refeições, mais especialmente a daquela noite em que o Senhor, estando para
ser entregue, reuniu os seus amigos, tomou o pão e o vinho, deu graças e depois os repartiu entre eles. E, obedecendo ao pedido
que Jesus fez no final daquela ceia, reuniam-se a cada domingo para fazer o que Jesus mandou fazer, em memória da sua páscoa. Comiam e bebiam juntos, com alegria e simplicidade de coração, louvando a Deus.
A renovação do Concílio Vaticano II fez um grande esforço para resgatar da eucaristia a sua dimensão de refeição e de memorial e chamou a atenção para o elemento fundamental da participação do povo. De fato, por muitos séculos, o povo ficou
distante, mesmo estando presente, dando a impressão de que só o presidente fazia a eucaristia. Já não participava da comunhão e o forte acento na presença real no pão e no vinho levou-o a ver no pão consagrado objeto de adoração.
O Concílio reconheceu que toda a liturgia tem força sacramental, porque o Senhor se faz presente na assembléia, na
palavra, nos ministros e ministras, e não só na eucaristia. Recuperamos a consciência de que, ao celebrarmos a eucaristia,
fazemos o que o Senhor fez, conforme a tradição do Novo Testamento e das primeiras comunidades cristãs. A reforma do
rito ajudou neste sentido. Cada parte da liturgia eucarística corresponde a um dos gestos de Jesus na última ceia:
apresentação dos dons (tomou o pão), oração eucarística (deu graças), rito de comunhão (partiu e repartiu).
O mais importante é testemunharmos a páscoa de Jesus com a nossa vida, orientando todas as nossas energias para o reino,
como ele fez ao entregar-se, como servo, à missão que o Pai lhe confiou. Contudo, o rito faz memória desta entrega e tem a
função de manter viva em nossa lembrança o que o Senhor fez e ensinou.
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