O ano 2000 encerra o segundo milênio da era cristã e abre as portas para o terceiro. Aparentemente é um ano como os demais, mas as comunidades cristãs o celebram como um tempo de jubileu, refazendo, para os nossos dias, a mística do jubileu bíblico que propõe o resgate da liberdade e o cancelamento de todas as dívidas. Retomando a memória da vinda do Messias e de sua consolação, ouvimos o anúncio do julgamento de Deus sobre a terra e todos os seus filhos e filhas. Queremos um jubileu como um novo começo no caminho da libertação e da felicidade.
A Assembléia Geral das Nações Unidas proclamou, em novembro de 1997, o ano 2000 Ano Internacional da Cultura da Paz. Um grupo de Prêmios Nobel da Paz, reunido em Paris por ocasião do quinquagésimo aniversário dos Direitos Humanos, criou o Manifesto 2000 para uma cultura de paz e de não-violência. O manifesto chama para a responsabilidade cada ser humano, porque cada um pode atuar no âmbito de sua família, sua localidade, sua cidade, sua região e seu país, praticando a não-violência, a tolerância, o diálogo, a reconciliação e a solidariedade.
Grupos ligados à ecologia lembram que, no próximo milênio, devemos abandonar a ideia de que o ser humano é o principal
tema do universo e repensar o nosso lugar e o lugar dos animais no planeta em função da unidade original de todas as
formas de vida. Há um plano de Deus e uma história da salvação para todos os seres vivos.
Queremos, então, viver este jubileu como tempo de graça e conversão, queremos aprender a viver cada dia, cada hora, cada minuto como se fossem um novo começo, uma oportunidade única para proclamar a liberdade e promover a paz, e para tornar este mundo mais habitável.
A celebração litúrgica pode ser o eco deste movimento que engaja todos nós e nos chama a uma opção fundamental de vida. Para isso, é importante que a liturgia incorpore a presença dos pequenos que lutam pela sobrevivência. Cada vez mais ela deve ser o espaço onde os pobres podem encontrar, na acolhida dos irmãos e na intimidade amorosa do Pai, a consolação para as suas dores e a força renovadora para a luta de cada dia.
É importante ainda que as celebrações nos ajudem a restabelecervínculos com o cosmos, que nos devolvam a capacidade de
contemplar o amor de Deus nas obras de sua criação. E que também, através da liturgia, possamos reencontrar o pacifismo
perdido e nos fortalecer na busca comunitária da paz. No plano pessoal, as celebrações deste ano anunciam o perdão de Deus e
nos libertam de todo sentimento de culpa, para uma relação amorosa e mais gratuita com o Pai.
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