Desde o ano 1300, a Igreja Católica celebra de 50 em 50 anos os seus “anos santos”. O que distingue o jubileu bíblico do ano santo é que, enquanto este foi criado como ano de perdão dos pecados mediante atos como peregrinação a Roma (daí vem o nome “romaria”) e orações especiais, o jubileu é marcado pelo cancelamento gratuito de todas as dividas sociais e pessoais. O jubileu se caracteriza pela recomposição da Justiça com relação à terra, ao escravo e a toda pessoa endividada.
É bom sentir que neste ano santo 2000 há um forte movimento no sentido de retomar a mística do jubileu bíblico. O papa propõe que o dia 08 de março, quarta-feira de cinzas, em Roma e no mundo inteiro, seja um dia dedicado ao reconhecimento dos erros que a Igreja cometeu no passado e ao pedido de perdão às outras comunidades, Igrejas e religiões pelos males que esses erros provocaram. Ainda nessa quaresma, o papa quer ir pessoalmente à Palestina para orar nos mesmos lugares onde o cristianismo nasceu e ali encontrar cristãos de outras denominações, além de irmãos judeus e muçulmanos, e lhes propor intensificar o diálogo e o compromisso comum pela paz, Justiça e defesa da criação.
Muitas organizações, cristãs e não-cristãs, estão continuando a “Campanha internacional pelo cancelamento da divida dos países pobres”. No Brasil, essa quaresma e a celebração pascal serão marcadas pela Campanha da Fraternidade, que, sendo, pela primeira vez, ecumênica e coordenada pelo CONIC, tem como objetivo intensificar em. todo crente o serviço à “Dignidade Humana e à Paz”, ou, como dizia Dom Helder Câmara: “Por um novo milênio sem miséria”.
É importante ainda ressaltar que, neste ano, a festa da páscoa coincide com a data dos 500 anos da “descoberta”, conquista, colonização e também “evangelização ” do Brasil. Os meios de comunicação divulgam as comemorações e festejos que acontecerão em Porto Seguro, lugar aonde chegaram os portugueses. Os próprios bispos marcaram sua assembléia anual no lugar da conquista.
Há por toda parte datas marcadas para celebrar o jubileu. Muitas são celebrações interessantes, sacramento de uma Igreja que deseja retomar seu caminho de fidelidade a Jesus; outras são simplesmente triunfalistas, preocupadas em reunir as massas em nome de uma “nova evangelização ” que não tem nada de nova, ao contrário, simboliza uma volta saudosista a um modo de ser Igreja superado pelo Concílio Vaticano II e pela prática das comunidades de base em nosso continente.
É importante que celebremos o jubileu 2000. Cada celebração pode ser um tempo sabático de alegria e de festa, capaz de reorientar a vida e “trazer novos motivos para a luta. Talvez, mais do que multiplicar celebrações em qualquer época, seria interessante qualificar os momentos de celebração já previstos ao longo do ano litúrgico, a páscoa de cada domingo… Neste sentido, merece especial investimento a festa anual da páscoa com tudo o que tem de místico.
Avaliações
Não há avaliações ainda.