Já é comum as comunidades incluírem em seus cronogramas a Semana de Oração pela Unidades dos Cristãos. Cada vez mais esta semana vai-se tornando conhecida e valorizada como momento de oração e de aproximação, de reflexão e de diálogo no sentido de superar seculares rejeições.
Respeitadas as diferenças que enriquecem o Corpo de Cristo, tomamos a decisão de orar em comum, não tanto para pedir a unidade, porque pelo batismo esta graça já nos foi dada, mas para adotar cada vez mais um estilo de vida que corresponda a esta graça.
Esta prática, que nasce de um acordo positivo entre as Igrejas, assume a pluralidade como valor e põe em evidência o diálogo como uma necessidade fundamental da pessoa e da humanidade, bem como da própria criação ameaçada, exigindo acordos que garantam a sua sobrevivência. Lembra às Igrejas que são elas as primeiras a darem o testemunho da unidade ao mundo, fazendo do diálogo e do mútuo entendimento um esforço permanente.
Cada comunidade é chamada a recapitular na sua experiência particular a vocação à unidade que é de toda a Igreja. Neste sentido, a comunidade não é uma reunião de pessoas que aderem a uma ideia ou a um tipo de atividade; é, antes, um caminho de vida em comunhão, onde o núcleo essencial é o próprio Cristo ressuscitado. Crendo na força da vida que vence a morte, cada comunidade ultrapassa, de certa forma, os próprios limites de quem a compõe, aceitando o desafio de ser uma parábola do reino, como sinal primeiro da sua missão.
Esta vocação, que diz respeito a toda a Igreja e que é vivida em cada comunidade concreta, tem a ver com a busca de unificação interior da pessoa em particular. O irmão Roger, prior da comunidade de Taizé, na França, lembra que cada irmão é portador da missão da unidade. Para ter a ousadia de chamar todos os batizados à unidade visível – diz ele – teremos que começar por nós mesmos, realizando cotidianamente a unidade em nós e entre nós. Ou como diz o documento do Concílio Unitatis Redintegratio: Não há verdadeiro ecumenismo sem a conversão interior. Os anseios de unidade nascem e amadurecem da renovação da mente, da entrega de si mesmo e da liberdade no amor (Cf. n.7).
Mas sabemos que, muitas vezes, abrir-se à relação com a outra pessoa implica transpor as barreiras que divide o próprio coração, como bem confessou o patriarca Atenágoras: A mais dura das guerras é a guerra contra si mesmo. É preciso chegar a desarmar-se. Tenho lutado nesta guerra durante anos. Foi terrível. Mas hoje estou desarmado. Por isso, a ascese que nos é exigida hoje, em um mundo sedento de comunhão, é a ascese da gratuidade, com tudo o que ela requer de leveza nos relacionamentos, de respeito e de tolerância, de disciplina para manter-se livre de qualquer tipo de dominação.
Por outro lado, sabemos que nenhum esforço humano, por si só, garante a unidade. Ela nos vem, em última instância, como dom de Deus, pelo Espírito que foi derramado em nossos corações. Então, orar juntos pela unidade converte-se em ato de fé no Deus que é UNO e que deseja que todos sejam um no seu amor, conforme a oração de Jesus.
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