O advento é tempo de retomar a esperança e de acreditar que o Senhor, que veio, pode vir de novo para vencer o mal e para fazer novas todas as coisas. Neste ano em que a humanidade estremece surpreendia pela proximidade da guerra e da violência globalizada, o advento nos faz esperar a surpresa da paz e da concórdia universal. O advento, então, não é só um tempo litúrgico ligado ao natal, não é uma atitude só dos cristãos; expressa o sentimento de todas as crenças e de todos os seres humanos, independentemente de religião ou cultura. Dá voz aos gemidos da própria terra, ao clamor da criação inteira que sofre dores de parto à espera da sua libertação.
A palavra de ordem neste tempo é vigilância! Escutamos de toda parte o grito de alerta máxima, e o reforço da segurança pelas armas. Mas será esta a vigilância que nos pede a palavra de Deus deste tempo litúrgico? Será que a vigilância evangélica não se expressa exatamente nas inúmeras manifestações que se verificam em vários partes do mundo por grupos pacifistas a favor da paz e da não-violência? Se o triunfo do mal exige disciplina e coragem para entregar a própria vida, a vitória do bem supõe a disciplina do amor e da cruz no lugar das armas e da violência. Neste advento, todos nós, homens e mulheres, grupos e comunidades, devemos nos empenhar para depor as armas, começando, talvez, pelas trincheiras bem próximas da nossa casa e da nossa vida. A paz no mundo e em cada pequeno espaço está implorando de cada ser humano a capacidade de sair da defensiva para abraçar o amor, como se abraça a pessoa amada.
Recebemos como apelo de Deus a palavra do Dalai Lama, líder espiritual do Tibet, símbolo de resistência pacifica, reconhecido em todo o mundo: Os eventos do nosso tempo pedem que cada pessoa interrompa seus afazeres, quaisquer que sejam, e medite profundamente sobre as grandes questões da vida. (…) Há duas respostas possíveis ao que tem acontecido atualmente. A primeira vem do amor, a segunda vem do medo. Se partirmos do medo, poderemos agir pelo pânico, como indivíduos e como nação, e fazer coisas que poderão produzir mais estragos. Se partirmos do amor, encontraremos refúgio e força, quando o oferecemos aos outros. Este é o momento do seu ministério. Este é o tempo de ensinar. O que você ensinar agora, em cada palavra e ação, permanecerá indelével nos corações e nas mentes daqueles cujas vidas você toca, tanto agora como no futuro. (…)
A mensagem que ouvimos de todas as fontes da verdade são claras: somos todos um só. Esta é a mensagem que a grande maioria da humanidade ignorou. O esquecimento desta verdade é a única causa do ódio e da guerra, e para nos relembrarmos disto, é simples: ame, neste momento e no próximo. Portanto, fale com Deus hoje. Peça a Deus orientação e conselho, inspiração e força, paz interior e profunda sabedoria. Peça a Deus no dia de hoje que nos mostre como deveremos nos manifestar para provocar uma mudança no mundo. Junte-se a todas as pessoas do planeta que estão orando agora, adicione sua luz à luz que dissipa todo o medo. O que você pode fazer hoje, neste exato momento? O ensinamento central da maioria das tradições espirituais é: proporcione ao outro aquilo que você deseja para si mesmo…
Assim, com o nosso coração alargado, podemos fazer nosso o desejo da comunidade-esposa do Apocalipse, trazendo para o nosso íntimo o diálogo de amor que a liturgia do advento retoma e coloca no coração e nos lábios de todos os que creem que o Verbo se fez carne. E com todas as crianças e idosos, com os pais e mães que temem por seus filhos, com os jovens e com toda pessoa que acredita na força da paz, rezamos intensamente, de corpo e coração: Vem, Senhor Jesus!
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