O papa João Paulo II convocou líderes e representantes mundiais de diferentes religiões para se reunirem em Assis, cidade de São Francisco, no dia 24 de janeiro deste ano, em jejum e oração pela Paz do mundo. O papa está convicto de que o diálogo entre as culturas e entre as religiões é o antídoto para uma propaganda que fala de desencontro entre civilizações e guerras entre religiões.
É a segunda vez que o papa promove um grande encontro inter-religioso de oração pela Paz. Em 1986, reuniu dezenas de líderes espirituais judeus, budistas, muçulmanos e sacerdotes de religiões da África, para orar juntos em pé de igualdade, superando velhos preconceitos e se comprometendo com a Paz no mundo. Este testemunho, que encontrou eco entre representantes de outras religiões, é mais forte do que muitos discursos e não pode deixar-nos indiferentes. A atitude de João Paulo interpela a Igreja e cada um de nós a aprofundar a espiritualidade da Paz.
Os ataques e contra-ataques recentes nos levam a pensar que a força das trevas está vencendo a luz, o Mal parece vencer o Bem. E no entanto, há em todas as religiões a crença de que o amor vence o ódio, por um desígnio de Deus, por isso, as religiões têm uma contribuição a dar no grande movimento de paz no mundo inteiro. O Dalai Lama, líder budista, aceitando o convite do papa declarou que não existe terrorista islâmico, como não há terrorista cristão ou budista. Quem é de Deus, em qualquer religião, não pratica terrorismo e o cheik chiita Muhamed Al Amin, autoridade máxima do islamismo no Líbano, ao aceitar o convite do papa também declarou que o papa propõe a única solução possível: o diálogo a partir da espiritualidade e da oração. Menahem Fruman, rabino judeu em Belém, considerou essencial a iniciativa do papa. E afirmou: Em um mundo sem líderes políticos capazes de se desprender de suas ambições pessoais, só as religiões podem ajudar a humanidade a reencontrar a estrada justa para a Paz e a justiça.
A preocupação com a vida e o futuro da humanidade é a base da mais profunda busca de Deus e de toda espiritualidade. Uma espiritualidade da paz é resposta ao sonho de Deus de que um dia, as armas se converterão em instrumentos de trabalho, as feras pastarão junto com os animais domésticos e nenhuma criatura fará mal a outra. E Jesus declara: Felizes os que promovem a paz, porque serão chamados filhos e filhas de Deus. A festa da páscoa este ano será a expressão deste anseio universal pela paz. Ao acender o círio com o fogo novo da páscoa no coração da noite, acreditamos que Deus, por sua força amorosa, realiza em nós a passagem das trevas para a luz. Que este gesto se transforme num ato de comunhão com todas as pessoas que acreditam na existência de Deus e na força da sua compaixão agindo no mundo. Ao acender o círio na noite da páscoa, rezemos para que no mundo inteiro as trevas, que atuam nos bastidores das guerras, deem lugar a luz que inspira os seres humanos a compreenderem a sua vocação de viver para o outro. O outro divino e o outro humano com quem habita, com direitos iguais, o mesmo universo.
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