Nos dias 19 a 23 de julho aconteceu, em Ipatinga, na diocese de Itabira/Coronel Fabriciano, o Décimo Primeiro Encontro Intereclesial das CEBs. No Vale do Aço, entre as montanhas de Minas, estiveram reunidos 3.806 pessoas, representantes das CEBs e de outras onze Igrejas cristãs; bispos, assessores, indígenas, convidados e gente vinda de outros países, incluindo a equipe de articulação continental das CEBs e delegados latino-americanos e caribenhos. Juntaram-se a esta grande assembleia 250 jovens da Pastoral da Juventude, acampados próximo ao local do encontro e milhares de pessoas das comunidades locais presentes nas grandes celebrações e nos momentos culturais e festivos. Lamentou-se profundamente a ausência de Maria de Lourdes Sales, falecida em acidente, enquanto vinha para o Intereclesial e fez-se amorosa memória de nossa querida Geralda da Conceição Procópio, do Secretariado do Intereclesial, que faleceu em agosto de 2003, e de Dom Luiz Gonzaga Fernandes, bispo de Campina Grande, falecido em 2004, que, por primeiro, acolheu os Intereclesiais em vitória do Espírito Santo.
O tema do encontro foi Espiritualidade libertadora: Seguir Jesus no compromisso com os excluídos. É dessa espiritualidade que se alimentam as CEBs, no desafio constante de vincular fé e compromisso com os excluídos, na constante busca de um novo jeito de ser Igreja e no esforço cotidiano de aprimorar a convivência humana como sinal primeiro do reino. Neste sentido, o longo trabalho, realizado pelos organizadores e participantes do encontro, a dedicação dos 2 mil voluntários das áreas de serviço, a acolhida calorosa das famílias foi uma parábola desta espiritualidade. Quem acompanha o processo de preparação de um Intereclesial sabe que ali se chega com a soma de infinitas e extremas dedicações, de trabalho até a exaustão para superar limites, problemas e imprevistos.
O encontro foi, em si mesmo, uma experiência marcante de gestar uma Igreja com jeito novo de ser e de exercer a sua missão no mundo. E toda essa realidade vivida, curtida, em momentos coletivos ou no anonimato do dia a dia e das pequenas tarefas, explodia em gigantesca criatividade nos momentos propriamente celebrativos, em perfeita interação entre gratuidade contemplativa e compromisso ético; entre diálogo com Deus e afetuoso relacionamento entre irmãos e irmãs; entre a páscoa de Cristo e a páscoa do povo; entre tradição litúrgica e formas populares, afro-indígenas de expressar a fé.
Trazemos, nesta edição da nossa revista, um pouco de tudo o que se viveu no Décimo Primeiro intereclesial, especialmente nos momentos celebrativos, para que o acúmulo de energias, partilhadas lá, circule e chegue a muitas outras pessoas, como incentivo, ânimo, confirmação do caminho e, quem sabe, como apelo forte a não nos deixar enfraquecer pelas propostas de caráter centralizador e clericalista, por espiritualismos que se opõem ao caminho percorrido e ensinado por Jesus e a vocação de uma Igreja que nasce do povo pela força do Espírito de Deus.
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