Nesta edição de nossa Revista, o assunto em foco é a novena de natal, a partir da prática de nossas comunidades. São considerações teológicas, litúrgicas e pastorais que nos ajudam a aprofundar o sentido e a melhorar a expressão ritual desta Novena, levando em conta a tradição litúrgica da Igreja e a piedade popular, em diálogo com nossa realidade social, política, cultural.
Desta maneira chama-se a atenção para todo o advento, como tempo de preparação para as festas de Natal em que se faz memória da primeira vinda de Jesus em nossa carne, e por meio desta lembrança, voltam-se os corações para a expectativa da sua segunda vinda no fim dos tempos.
A liturgia nos faz contemplar o mistério da vinda do Salvador, Jesus Cristo, o Filho de Deus. Ele veio a primeira vez, em Belém, revestido da nossa fragilidade, e virá uma vez segunda no fim dos tempos revestido de sua glória. Na primeira vez ele veio para realizar o seu eterno plano de amor e abrir-nos o caminho da salvação, na segunda ele virá para conceder-nos em plenitude os bens prometidos que hoje, vigilantes, esperamos.
Entre a primeira e a última há uma vinda intermediária. Segundo São Bernardo, monge do século XII, essa vinda intermediária é como um caminho que conduz da primeira à última. Concretamente fala-se de escutar e guardar a Palavra, como condição para receber a visita do Salvador. Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e o meu Pai o amará, e nós viremos a ele (cf. Jo 14,23). Trata-se, diz São Bernardo, de escutar e guardar a Palavra no coração, de modo que ela entre no mais íntimo do ser e penetre todos os sentimentos e costumes.
Ao mistério da vinda corresponde a atitude da esperança. Espera confiante e alegre, espera ativa e atenta aos sinais de sua presença no meio de nós, em cada pessoa humana, como lembra um dos prefácios do advento. Espera que une desejos e esperanças, junto com todos os que desejam e esperam, em solene invocação para que venha em nosso mundo o Reino de Deus.
A novena do Natal, assumindo as riquezas da tradição litúrgica e da piedade popular segundo a proposta do Ofício Divino das Comunidades, traz de volta a cada ano, hinos e salmos, leituras e preces, gestos e símbolos, em um estilo, que nos permite assimilar os conteúdos progressivamente e vivenciar o advento como experiência de encontro com Deus, manifestado em Jesus, e, por meio do seu Espírito, em nossa humanidade.
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