Acaba de acontecer em Hidrolândia, Go, a 5ª Escola de Liturgia para Formadores Litúrgicos, promovida pela Rede CELEBRA. Participantes: 54, vindos dos núcleos locais de vários estados do Brasil. Assunto: Ano litúrgico. Foram oito dias (de 21 a 28 de julho) marcados por estudo sério, por momentos celebrativos intensos e pela convivência fraterna. É a 5ª de 6 escolas programadas para acontecer até 2008, cumprindo visando qualificar agentes para atuarem como animadores da vida litúrgica e contribuírem na formação. O que se busca, é levar adiante a reforma empreendida a partir do Concílio Vaticano II para garantir que o povo possa participar e que a liturgia e esteja inculturada na caminhada solidária dos pobres e seja, efetivamente, fonte de espiritualidade
O que se destaca é o processo metodológico para chegar ao conhecimento: partir do rito para contruir coletivamente o saber teológico, mediante a atenção dos diferentes olhares a partir das experiências vividas. O método aí praticado é resultado de longa busca, anos de pesquisa e experimento na prática pedagógica. É um método mistagógico de fazer formação litúrgica , inspirado na leitura orante da bíblia, na catequese mistagógica dos antigos pais da Igreja e no Rito da Iniciação Cristã dos Adultos.
Neste método o que interessa não é tanto a compreensão sob forma de conceitos e abstrações, mas trata-se de conhecer de um ponto de vista narrativo. É um aprendizado que se dá a partir do que faz sentido para a pessoa, da descoberta de um olhar atento, estrangeiro no dizer de uma das participantes, de perceber como Deus realiza em mim/nós a sua salvação e com que atitude concreta me é dada a dádiva de corresponder a esta salvação. É um aprendizado que passa, sobretudo, pelo trabalho de pequenos grupos possibilitando o que Mariano Magrassi sugere: penetrar nas fórmulas litúrgicas com uma contemplação calma, amorosa e cheia de fé e admiração para colocar em movimento toda a existência.
Com isso, não se nega a função do saber diferenciado de quem tem, no processo, o papel de assessor/a ou de facilitador/a. De fato, houve momentos em que foram trazidas contribuições valiosas, por exemplo, sobre o sentido das festas e da organização do calendário judaico que estão na raiz do nosso calendáro cristão; sobre a evolução do cristianimo primitivo para chegar ao ano litúrgico como conhecemos hoje e sobre o significado teológico de cada tempo e festa litúrgica. Tudo isso porém, apenas como provocação, sem negar o saber que cada participante traz em sua bagagem, ao contrário, despertanto nele/a o desejo de ampliar o horizonte e a tarefa de aguçar o seu olhar e a sua atenção para perceber nos textos bíblicos e litúrgicos e na própria experiência de celebrar uma fonte de sabedoria e de inspiração para o Caminho.
Se, como diz o padre Gregório ao referir-se nesta revista à V Conferência de Aparecida, a Liturgia deve ocupar um lugar central, na formação, na vida e na atividade dos discípulos e missionários, é de se esperar que a formação litúrgica não seja apenas uma disciplina entre outras nos cursos de teologia, e nem seja uma formação apenas intelectual, mas espera-se que ela seja objeto da própria catequese, que se desenvolva como parte do processo da iniciação cristã e de tal maneira que conduza o povo de Deus a uma participação consciente como adesão sempre renovada à pessoa de Cristo e produza frutos de amor concreto no cotiano e na ação missionária. A Rede Celebra, com a sua prática, aponta nesta direção.
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