Estamos celebrando quarenta anos de Medellin, a II Conferência do Episcopado Latino-americano que se tornou marco referencial para a Igreja da América Latina.
Em 1968, num contexto de gritante desigualdade social e num momento de dolorosa opressão política e cultural no cotinente Latino-americano, a Igreja se fez presente, promovendo uma acolhida orgância e colegial do Concílio Vaticano II à luz da nossa realidade, mostrando-se sensível à justiça e ao clamor dos pobres, dando-se conta que o avanço científico e técnico da modernidade não trouxe solução para a questão crucial das diferenças sociais. Desde então, emergiu em nosso continente uma nova consciência eclesial, crítica ao sistema capitalista, suscitando um novo pensar teológico e um novo modelo de Igreja vivenciado sobretudo nas comunidades Eclesiais de Base. Dentro desta nova conjuntura eclesial, foi-se firmando um novo jeito também de celebrar a fé, compreendendo a liturgia como memorial da páscoa identificada com os sinais de libertação na vida dos pobres, recuperando a relação liturgia-vida.
Quarenta anos depois, estamos em contextos político e social, cultural e econômico, bem diferentes. Houve mudanças na América Latina e houve mudanças no mundo. Com a queda do socialismo, o confronto não é mais entre capitalismo e socialismo, mas entre os países ricos (G8) e os países pobres (Forum Social). E a Igreja também, dentro desta nova situação, passa por sensíveis transformações na maneira de assumir a sua identidade e o seu agir no mundo. Só não mudou a situação dos pobres, cada vez mais excluídos da sociedade. O capitalismo agora globalizado, ilude ao proporcionar acesso aos bens não duráveis, enfraquecendo a força dos pequenos na luta por bens duráveis, como a terra, a moradia, a água, a educação, etc.
Por isso a Conferência de Aparecida, mesmo num momento eclesial pouco favorável, veio reacender a esperança, insistindo sobre questões, mais do que nunca pertinentes e coerentes com os apelos e os desafios do momento atual. Quanto à Liturgia, embora não tenha sido tratada sistematicamente, é apresentada como vital na vida, na formação e na atividade dos discípulos-missionários, tema central no documento final. A comemoração dos quarenta anos de Medellin, nos oferece uma oportunidade para irmos além do que foi mostrado no documento de Aparecida e aprofundarmos a liturgia no seu lugar de cume e fonte da vida e da espiritualidade. É ocasião para repensarmos a Pastoral Litúrgica, de tal maneira que a própria liturgia seja determinante na construção de modelos de Igreja mais de acordo com o Evangelho. O Seminário promovido pela Comissão Episcopal Pastoral para a Litúrgica da CNBB, foi um bom começo desta reflexão que deverá continuar em outros eventos marcados para este ano.
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