Este é o segundo número da nossa Revista que traz contribuições do 12º Intereclesial das Comunidades Eclesiais de Base, acontecido em Porto Velho, em Julho de 2009, com a participação de três mil pessoas, sobre o tema, CEBs, ecologia e missão e o lema, do ventre da terra, o grito que vem da Amazônia. Cinco dias intensos de partilha de experiências, estudo e vivência da fé, aprofundando o seguimento de Jesus a partir das grandes preocupações da humanidade com o futuro do planeta.
Nesta edição acentuamos o processo de formação feito pela equipe que assumiu a coordenação das celebrações do encontro até chegar à coesão entre as pessoas que compunham a equipe e a articulação desta com as diversas equipes dos regionais envolvidas neste serviço. Ao pensar na pedagogia usada neste processo, lembramos de um texto de Leonardo Boff onde ele afirma que o conhecimento nasce do pensar com profundidade. E diz que, para pensar de verdade, precisamos ser críticos, criativos e cuidantes (texto na íntegra, p. 28).
Segundo a sua afirmação, ser crítico é situar-se no contexto social e histórico, livrando-se de ideologias como formas de justificação e de encobrimento e situar-se também no quadro geral do universo em evolução, para estabelecer conexões ocultas e encontrar boas razões para aquilo que queremos. Sem esquecer que a crítica boa é sempre autocrítica. Ser criativos é exercitar a capacidade de ultrapassar as fórmulas convencionais, inventar maneiras novas de expressar a nós mesmos e o mundo e propor inovações alternativas consistentes, sem esquecer a razão que nos segura no chão. Ser cuidantes é prestar atenção aos valores que estão em jogo e preocupar- se com o impacto que as novas ideias podem causar sobre os demais, discernindo, atrás das análises, pessoas e destinos, responsabilizando-se pela qualidade de vida social e ecológica e dando valor à dimensão espiritual, importante para o sentido da vida e da morte.
Quase sempre são enfatizadas as dimensões critica e criativa e deixada em segundo plano a dimensão cuidante, hoje mais do que nunca, urgente. Na preparação e durante o Intereclesial este aspecto foi um desafio permanente a ser superado, na relação entre os membros da equipe de liturgia e das outras equipes de serviço, com outras tantas pessoas nos diversos encontros e também na relação com a natureza.
Num processo de construção coletiva as dificuldades e impasses são inevitáveis e não se pode passar adiante sem vivê-los como oportunidade para exercitar nossa capacidade de tolerância, diálogo, entrega e superação de si, em vista do que realmente buscamos. No final de tudo, o que realmente importa, é perceber que nos tornamos pessoas melhores, aos sermos críticas, criativas e cuidantes.
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