Revista de Liturgia Edição 222 – Já é Hora de Despertar

Com esta edição da nossa revista encerramos um ciclo de reflexão, iniciado em janeiro deste ano, sobre liturgia e ecologia. Fomos levados a perceber a dimensão sagrada do universo, sua força simbólica, reveladora do divino. Ao mesmo tempo, nossa atenção se voltou para o potencial cósmico da liturgia, memorial da páscoa de Cristo, pela qual fez novas todas as coisas, em função de uma sensibilidade e consciência ecológicas no celebrar, no pensar a liturgia nesta perspectiva e no vivenciar uma espiritualidade sintonizada com a ecologia profunda. Esperamos que seja uma parcela, ainda que pequena, de contribuição no esforço coletivo e universal de rever a maneira de olhar, de pensar e de agir no planeta em que habitamos; conscientes de que estamos apenas começando a mudar, e que nos resta ainda longo trabalho até sermos transformados(as) “nos guardiões deste mundo”, que não nos pertence e muito menos a uma só geração. Encerramos um ciclo, mas não queremos pôr fim à discussão, ao contrário, a questão ecológica torna-se imperativo na teologia, na ação pastoral, na celebração da fé e, doravante, estará no horizonte das nossas atenções, estudos e atividades. De imediato nos abrimos à Campanha da Fraternidade de 2011, com o tema “Fraternidade e vida no planeta”. O próprio tempo do advento nos faz comungar da ansiosa expectativa de toda a criação “em dores de parto” para libertar-se da corrupção e participar da liberdade e da glória dos filhos e filhas de Deus (cf. Romanos 8,20-23). Assim nos preparamos para celebrar o natal do nosso Salvador, Jesus Cristo, Filho do eterno Pai, nascido em Belém segundo a carne, resultante ele também da evolução cósmica, manifestado na plenitude dos tempos, para recriar o universo, na força do Espírito, conforme o desígnio do Pai. Na alegre certeza de que ele, o Esposo das derradeiras núpcias, vem vindo e está cada dia mais perto, nós, comunidade-esposa, nos frutos do nosso empenho de conversão pessoal e de militância transformadora, vamos percebendo os “sinais” da sua chegada.