Revista de Liturgia Edição 231 – O Espírito Santo e Nós na Liturgia

Continuando o nosso mutirão, 50 anos da Sacrosanctum Concilium (SC), reconhecemos com gratidão o caminho percorrido, os esforços somados e tantas energias doadas para dar vida a uma reforma que veio para revitalizar a Igreja, devolvendo à liturgia o seu lugar de cume para o qual converge o agir da Igreja no mundo e a fonte de onde emana a sua força. Como sabemos a grande ousadia do Movimento Litúrgico que culminou no Concílio Vaticano II foi a de fazer o retorno em direção às fontes da fé e da sua expressão ritual, superando séculos de estagnação que deram sustentação a desvios ocorridos ao longo da história. Neste sentido, o missal de Paulo VI representa o que há de mais antigo na Igreja, tendo na base de sua elaboração séria e prolongada pesquisa de estudiosos competentes que apontaram a fidelidade às fontes como condição para responder aos anseios do nosso tempo. No entanto, na atual conjuntura da Igreja, nos deparamos com um movimento em sentido contrário que identifica a tradição com os desvios que distanciaram o rito da sua origem. Tais grupos ostentam a pretensão de ‘salvar a liturgia’, trazendo de volta ao cenário eclesial o que o Concílio Vaticano II, com justificadas razões, havia superado. Com este fim, lançam mão, sem escrúpulo, da arma da difamação de pessoas que consagraram suas vidas para que o povo pudesse passar da condição de ‘mudos espectadores’ para a condição de sujeito ativo e consciente. A parceria da nossa Revista com a Rede Celebra, juntando-se aos esforços da CNBB, do Centro de Liturgia e da ASLI (associação dos liturgistas do Brasil), é movida pela consciência da missão no que diz respeito à reforma litúrgica no Brasil. Nossa proposta é recolocar sobre a mesa, de maneira simples e direta, os grandes temas da reforma do Concílio Vaticano II e as razões que temos para não ceder ao triunfalismo (clericalista) que tenta se impor em nossas comunidades e paróquias. Nesta edição, próxima à festa de Pentecostes, o que está em foco é o despertar do Espírito, em nossa consciência e em nossa prática litúrgica.