Mais do que nunca, o tempo do Advento chega carregado de urgências! Há, por toda parte, gritos que clamam aos céus, desde o clamor dos refugiados em massa até o gemido da terra em dores de parto à espera de libertação. O Vem, Senhor Jesus dos cantos e orações da liturgia da Igreja está repleto de realidades concretas, de rostos e vozes, de lágrimas e esperança.
Com a abertura do Jubileu extraordinário da Misericórdia, no dia 8 de dezembro, o papa convoca a Igreja a viver a atitude de vigilância, tão própria do Advento, no exercício da misericórdia, de não colocar limite ao amor de Deus que perdoa.
Os primeiros destinatários desta misericórdia somos cada um, cada uma de nós, a partir da consciência mais profunda da nossa fragilidade e das nossas impossibilidades. Mas a misericórdia é também exercício coletivo dentro e fora da casa e da Igreja, pois tal como Ele é misericordioso, assim somos chamados também nós a ser misericordiosos uns para com os outros.
As palavras tão fortes de Francisco, acompanhadas pelo testemunho de sua vida e de seus grandes gestos, são um apelo que não pode deixar a Igreja indiferente: A credibilidade da Igreja passa pela estrada do amor misericordioso e compassivo. A Igreja vive um desejo inexaurível de oferecer misericórdia. Talvez, demasiado tempo nos tenhamos esquecido de apontar e viver o caminho da misericórdia. Por um lado, a tentação de pretender sempre e só a justiça fez esquecer que esta é apenas o primeiro passo, necessário e indispensável, mas a Igreja precisa ir mais além a fim de alcançar uma meta mais alta e significativa. Por outro lado, é triste ver como a experiência do perdão em nossa cultura vai rareando cada vez mais. Em certos momentos, até a própria palavra parece desaparecer. Todavia, sem o testemunho do perdão, resta apenas uma vida infecunda e estéril, como se se vivesse num deserto desolador. Chegou de novo, para a Igreja, o tempo de assumir o anúncio jubiloso do perdão. É o tempo de regresso ao essencial, para cuidar das fraquezas e dificuldades dos nossos irmãos. O perdão é uma força que ressuscita para nova vida e infunde a coragem para olhar o futuro com esperança.
A data escolhida para abrir o jubileu coincide com o cinquentenário da conclusão do Concílio Ecumênico Vaticano II, com o qual a Igreja começava, em pleno advento, um percurso novo da sua história. Diante de um mundo em transformação, a Igreja sentia a responsabilidade de ser, no mundo, o sinal vivo do amor do Pai. Agora, cinquenta anos depois, é digno e justo comemorar um tal evento começando de novo, pela via da misericórdia.
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