A Campanha da Fraternidade neste ano, provoca em nós perguntas sérias, com relação à nossa vivência enquanto Igreja, que fez opção pelos pobres e que assiste agora o emergir de massas excluídas, produto de uma lógica que tende a excluir cada vez mais. As Igrejas se perguntam sobre o que fazer para assumir uma posição que as situe do lado dos sofredores. É fácil perceber o quanto os nossos planos de pastoral com suas muitas atividades, estão lunge de serem o exercício da misericórdia de Deus, vivida por Jesus com relação aos famintos do seu tempo.
E a liturgia, mais especificamente a Ceia do Senhor, onde se apóia para cumprir sua função de “expressar a vida”? Ou pelo menos como pode ser um espaço onde os pobres mais pobres encontrem a acolhida que lhes permita derramar diante de Deus a sua dor e trazer suas vivências e o sentido que ainda os mantém de pé? Oxalá nossas celebrações realizem para o pobre o sinal que ele espera receber de Deus, como prova de seu amor fiel e de sua consolação, diante dos seus opressores (Cf. Salmo 86, 17).
Este número da Revista, é um convite a meditarmos sobre o sentido da Eucaristia e a revermos nossa prática celebrativa, sobretudo com relação aos que, em tantos outros setores da vida, são excluídos e marginalizados. Lembrando que a Ceia é o sinal maior da unidade e da comunhão do Corpo do Senhor.
Por falta de espaço, essa temática terá continuidade no próximo número, com questões práticas em relação à celebração, no sentido de buscar uma maior integração entre o gesto ritual, o sentido teológico e a atitude espiritual dos que participam, tendo como pano de fundo a necessidade permanente de acolher os excluídos e de criar condições efetivas e afetivas para a sua participação. A liturgia é uma URGIA, uma ação, uma coisa que se faz. Por isso é importante que levemos a sério o que fazemos numa celebração, para que de fato a liturgia, e, no nosso caso a Ceia do Senhor, possa realizar aquilo que ela significa.
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