A presente edição da nossa revista coincide com o ciclo do Natal, que abrange o tempo do Advento, as festas e o tempo do Natal.
Na memória litúrgica das Igrejas cristãs, celebra-se, nesse período, a vinda histórica do Messias em Jesus de Nazaré e retoma-se, ao mesmo tempo, a longa expectativa pela sua vinda, o que se faz em comunhão com o povo de Israel, que ainda O espera.
Para as comunidades cristãs, no centro dessa memória está o Verbo de Deus, nascido de Maria na pequena cidade de Belém, na Judeia. Mesmo tendo sido ameaçado por Herodes, ele foi cercado pela reverência dos pobres, como os marginalizados pastores, que foram capazes de reconhecer e de se alegrar com o evento de Belém. Sábios de outras terras levaram as oferendas da sua adoração seguindo a estrela que brilhou naquela noite, “a mais feliz da Palestina”. Como na madrugada da Páscoa, também aqui anjos cantaram a chegada do Emanuel. E Maria, mesmo sem compreender tudo, guardava cuidadosamente em seu coração os fatos que ouvia a respeito do Menino (Lc 2,19.51).
Que esse cenário de ternura, à margem da grande cidade arrebatada pelo poder do dinheiro e da dominação, desperte os nossos corações nestes tempos difíceis de luta pela vida, a qual segue ameaçada de morte, pela pandemia, pela fome imposta, pelos sonhos roubados. Ainda que não possamos nos reunir devido às restrições sanitárias, vamos fazer de nossas casas, com vizinhos e amigos, a memória do Verbo que veio, que virá e que sempre vem, ele que é Deus conosco. E que o Advento seja um tempo de profunda escuta, como fez Maria, “que antes de conceber o verbo em seu ventre, o concebeu no coração pela fé” (sto. Agostinho, Sermões, 215, 4, PL 38).
Cuidemos de todas as celebrações, por menores que sejam, pois em qualquer lugar que a comunidade de fé se reúna em oração, o Filho de Deus se faz presente e, como outrora aos discípulos de Emaús, revela as Escrituras, não só pelas leituras bíblicas, como também pelas orações, pelo canto, pela partilha à mesa… É, afinal, da Liturgia que recebemos tanto o alimento da nossa fé como os textos da nossa oração pessoal, os quais nos permitem cultivar no coração “a sublime ciência de Jesus Cristo” (Fl 3,8) conforme recomendou a Dei verbum n. 25.
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