O Missal Romano, reformado por ordem do Concílio Vaticano II, foi promulgado por Paulo VI, em primeira edição típica latina, no dia 26 de março de 1970 e, em 1975, em segunda edição. Em 2002 foi publicada a terceira edição típica, que havia sido aprovada por João Paulo II dois anos antes. A versão brasileira da primeira edição foi publicada em 1973. Quase 20 anos depois, em 1992, apareceu a tradução da segunda edição típica. E agora estamos na expectativa da nossa versão brasileira da terceira edição latina.
O Missal romano junto ao Ofício Divino são os dois livros litúrgicos que mais interagem com as Escrituras na ação litúrgica. Assim como o berço da Escritura foi a comunidade de fé, reunida na memória das ações de Deus na história, os textos que compõem o Missal são fruto da escuta eclesial da Palavra contida nas Escrituras, fontes que a Igreja leu e meditou assiduamente, e meditando, transformou em preces e organizou para ser o seu livro de oração. Cada página do Missal, portanto, é eco hermenêutico da História da Salvação, narrada nas páginas bíblicas.
Há um grande desejo de que a nova tradução desse “livro de oração da Igreja”, que deu a conhecer a liturgia ao povo de Deus, há séculos privado dela, venha com uma linguagem acessível, que possibilite aos fiéis se apropriarem daquilo que se diz e se faz durante a ação litúrgica. Só assim o a inteira assembleia litúrgica será verdadeiramente sujeito da fé e da sua expressão ritual. E só assim o missal voltará a ser o livro de oração dos fiéis, para que eles possam meditar os textos da oração litúrgica e participar da ação ritual, tanto com conhecimento de causa
como interiormente.
Recentemente, o papa Francisco, na Carta Apostólica Traditionis Custodes, em face de grupos que colocam em dúvida o Concílio Vaticano II e ousam voltar à forma de celebrar anterior à reforma que ele decretou, reafirmou que “os livros litúrgicos promulgados por Paulo VI e João Paulo II são a única expressão da lex orandi do Rito Romano” (art. 1). Portanto, a nova edição brasileira do Missal é uma oportunidade de conhecermos mais a fundo toda a riqueza dessa herança recebida dos pais e mães da nossa fé. Enquanto aguardamos a sua chegada, nossa Revista, a começar por esta edição, trará uma série de contribuições sobre o Missal Romano em seus diversos aspectos: a sua longa história; a novidade da terceira edição; o missal como programa ritual; critérios de interpretação da Instrução Geral; o missal como fonte de catequese, enfim, temas que nos ajudarão a acolher este tesouro da tradição orante
de nossas assembleias.
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