Nossa Revista, neste ano de 2022, terá, como tema dominante, o Missal Romano, livro de oração do povo de Deus. Essa escolha de pauta se coloca levando em conta a expectativa de chegada da tão esperada terceira edição dessa obra em versão brasileira. Considerando este momento como oportunidade de melhor conhecer a riqueza do missal reformado pelo Concílio Vaticano II, e da sua Instrução, o assunto será tratado, aqui, em seu aspecto histórico e, também, em diferentes perspectivas: teológico-litúrgica, eclesial, pastoral e espiritual.
A finalidade é retomar, com novo vigor, o processo de recepção da reforma litúrgica do Concílio Vaticano II, vencendo os ventos contrários, andando na contramão dos retrocessos e firmando os passos numa liturgia, que seja fonte da fé e da missão da Igreja. Essa mesma tarefa empenhará cada diocese nos próximos anos, uma vez que será necessário buscar um diálogo mais fecundo, que aproxime os princípios e normas universais à realidade local.
Neste ponto emerge a importância de, no âmbito de cada diocese, se destacar o significado do Diretório Pastoral Litúrgico Sacramental. Sabe-se que muitas Igrejas locais se empenham na confecção desses documentos, buscando aprofundar as intuições conciliares e normatizar as práticas celebrativas locais. Também esse assunto será tratado
em nossa Revista ao longo deste ano, a partir da presente edição, com acento nos critérios e nos instrumentos necessários para a elaboração de um diretório litúrgico local.
O estudo aprofundado do Missal será decisivo para que os diretórios locais não sejam mera aplicação das normas, mas traduzam, a partir da vida eclesial a que se destinam, o sentido profundo da liturgia como experiência da fé. O que está em jogo é capacitar o povo das comunidades como sujeitos da ação litúrgica e do seu sentido teológico espiritual.
Mais do que a redação desses textos, será importante o processo da sua elaboração, com etapas de escuta da realidade e de estudo aprofundado, em espírito sinodal, de modo a alcançar um consenso eclesial a respeito do estilo ritual da Igreja local.
Trata-se de necessidades e questões pastorais que exigem uma reflexão atualizada e capaz de dialogar com a realidade, agenda que coincide com a vocação da nossa Revista de Liturgia.
Há dois anos, em seu discurso aos membros da Congregação para o Culto Divino (14 fev. 2019), o Papa Francisco nos lembrou que a realidade supera a ideia (cf. EG 231-233) e que “antes de tudo, a liturgia é vida que forma e não ideia a aprender”. Ao refletir sobre dois livros – o Missal e o Diretório – de grande importância para as nossas celebrações
e para a atividade pastoral, tenhamos presente que a liturgia não é um livro e que a Igreja se realiza nas celebrações.
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