Dentro do ano comemorativo do seu cinquentenário, nossa Revista celebra, também, os 60 anos da Sacrosanctum Concilium, revisitando os temas fundamentais que emergem dessa Carta Magna, a partir da qual se desencadeou a grande reforma litúrgica ainda em curso na Igreja. Assim, nesta edição, destaca-se o tema da sacramentalidade. Antes do Concílio, o termo sacramento era usado tão somente para se referir aos sete sacramentos. No entanto, essa visão foi totalmente superada. O Concílio falou da Igreja como sacramento de Cristo e tratou da sacramentalidade referindo-se a toda a liturgia, embora a expressão em si não apareça no texto da constituição litúrgica.
Dom Jerônimo, partindo da origem patrística do conceito de sacramentalidade, percorre o processo de redução pelo qual ele passou até chegar à sua redescoberta e à sua aplicação, que, na Sacrosanctum Concilium, se estende, também, tanto aos sacramentos quanto aos sacramentais e ao ofício divino, ou seja, ao conjunto de sinais sensíveis, gestos e palavras, ritos, espaços e músicas nos quais o Ressuscitado se faz presente com seu Espírito e nos atinge quando estamos reunidos em sua memória.
João Paulo Veloso, a partir desta edição, tratará de verbos da Sacrosanctum Concilium que indicam a sua hermenêutica, constituindo-se, assim, como seus verbos-chave. No texto que inicia essa série, os três primeiros verbos apresentados são: fomentar, reformar e promover. Uma medida necessária para compreender, de maneira mais profunda, esse documento.
Márcio Pimentel aborda, com clareza, o culto eucarístico fora da missa, tomando como ponto de partida um artigo do padre Gregório Lutz, sobre a presença real de Jesus Cristo na Eucaristia, publicado, na década de 1990, na edição 153 desta Revista. Trata-se de um assunto de máxima importância porque, embora a doutrina sobre a presença real tenha sido tão bem esclarecida no contexto da Reforma Litúrgica do Concílio Vaticano II, é notória a tendência de se voltar a uma compreensão medieval e tridentina, criando-se um distanciamento do sentido original da Eucaristia, instituída por Jesus como refeição em memória do seu Mistério Pascal.
Ainda nesta edição, Marlon Ramos Lopes oferece a leitura litúrgica da Bíblia para o dia de Pentecostes, chamando a atenção para o novo contexto proposto pela ação ritual na qual os textos bíblicos estão inseridos. Além disso, Antônio Ruan, por sua vez, faz uma catequese mistagógica sobre as orações do II ao VI domingos da Páscoa.
Destacamos, finalmente, a memória muito especial de Maria de Lourdes Zavarez, que deixou sua marca em nossas comunidades, como mulher, como mestra, como irmã. Ela atuou, na formação litúrgica, tanto na arquidiocese de Goiânia como em todo o Brasil e, especialmente, na Rede Celebra, que coordenou por duas décadas, com admirável competência e habilidade espiritual, e da qual foi
cofundadora.
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