O aniversário de 60 anos da Constituição Litúrgica Sacrosanctum Concilium foi marcado pela realização, em outubro
passado, de uma Semana de Liturgia, evento que aconteceu no Mosteiro de Itaici, em São Paulo. Essa foi a 35ª Semana, que,
conduzida sob a coordenação do Centro de Liturgia Dom Clemente Isnard e da Rede Celebra de Animação Litúrgica, teve como tema: O sentido teológico espiritual da liturgia na perspectiva da Desiderio desideravi.
Já no dia 4 de dezembro, também do último ano, dia em que lembramos a promulgação da constituição sobre a liturgia, foi
organizada uma maratona de debates e reflexões a respeito desse documento, encontro que ocorreu via online, em formato de
mesa redonda, e que foi transmitido ao vivo ao longo de 12 horas ininterruptas. Coordenado pela Rede Celebra, esse seminário uniu as diversas entidades que, no Brasil, se dedicam, desde o início de sua recepção, à reforma litúrgica, além de faculdades e editoras. Também aqui o foco foi a carta magna conciliar para a liturgia, no horizonte indicado pela Desiderio desideravi, do papa Francisco.
Estamos cientes do quanto a reforma da Igreja, aberta no Concílio Vaticano II, vem sendo ameaçada pelas ondas de um movimento ultraconservador, que tenta minar o tecido eclesial. Suas investidas, quando não se concentram sobre a liturgia querida pelo Concílio, a instrumentalizam, como artimanha para alcançar sua finalidade desagregadora e desestruturante. Por isso, neste momento, nada é mais urgente e importante do que unir as diversas instâncias da formação e da pastoral da Igreja do Brasil em torno da continuidade da reforma litúrgica e do novo modelo de Igreja. Em vez de desperdiçar esforços sobre a decadência em curso, o espírito criador próprio do humano encontra melhor saída e perspectiva somando
forças onde há possibilidades de novos horizontes.
A Carta apostólica Desiderio desideravi, sobre a formação litúrgica do povo de Deus, do papa Francisco, sinaliza por onde devemos caminhar. Ela de fato relança a constituição litúrgica do Concílio, demarcando o presente e o futuro como território de
atuação, sem brecha para retrocessos. Agora, a recepção da terceira edição do Missal Romano põe a Igreja em movimento para recuperar a consciência de que o Missal é o livro de oração da Igreja e de que deve ser conhecido por todos os seus fiéis.
É nesta trilha que nossa Revista de Liturgia se coloca neste ano de 2024. Propõe um diálogo entre a Carta Desiderio desideravi e o Missal Romano, em sua terceira edição, trazendo à luz Romano Guardini, um dos grandes expoentes do movimento litúrgico do século XX, evocado por Francisco, bispo de Roma, nessa sua carta sobre a formação litúrgica do povo Deus.
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