O novo formulário da Missa pelo cuidado da criação, aprovado pelo papa Leão XIV, entra para o conjunto das missas para “diversas circunstâncias”, que o Missal Romano apresenta em sua 3ª edição. Este formulário é destinado, especialmente, para o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, mas pode ser utilizado em outras ocasiões, como no Tempo da Criação, que vai de 1º de setembro até 4 de outubro, memória de Francisco da Assis. Tal iniciativa emerge da escuta de um clamor que vem das entranhas da própria terra e que ecoou na encíclica Laudato Sì, do papa Francisco, a qual surgiu como porta voz da urgência de uma ecologia integral que articula o cuidado do meio ambiente, com a luta social dos pobres e com a dimensão espiritual do universo criado.
Mais concretamente, a decisão de produzir este formulário apareceu no final do Seminário de Estudos realizado pela Igreja Católica de rito romano, no início de dezembro de 2024, na cidade de Assis, evento que buscou dar uma resposta ao processo ecumênico global para que as Igrejas ocidentais instituíssem conjuntamente “uma nova festa litúrgica sobre o mistério da Criação”. Enquanto não se chega a esta decisão, o formulário é um primeiro passo importante nesta direção.
O louvor da criação está presente na liturgia da Igreja, seja mediante os salmos, as leituras bíblicas, as orações (prefácios, apresentação das oferendas), as bênçãos (da água, do óleo, da plantação…), seja através do tempo que marca o ritmo dos momentos da oração: no amanhecer e entardecer, no primeiro dia da semana, nas estações do ano… Mas esta missa, e oxalá, uma festa da criação, presente no calendário litúrgico, tem uma significância maior pelo contexto em que vivemos, de um clamor global para transpor a crise ambiental, de um apelo universal por uma conversão ecológica, de um despertar da consciência sobre o nosso lugar de dependência no universo criado. A Liturgia, como norma da fé e fonte da espiritualidade cristã, cumpre o papel de despertar e de formar a consciência para a responsabilidade de guardiões da obra de Deus. Além disso, pretende, também, chamar a ações concretas pelo cuidado da Casa Comum, para que sementes de justiça possam germinar. E poderá ser geradora de uma ecoteologia e de uma ecoespiritualidade.
Nossa Revista, nesta edição, pondo em destaque esta iniciativa, contribui com algumas notas de estudo e de apreciação para ulterior aprofundamento. Dom Jeronimo detalha a origem e o contexto histórico mais recente do formulário da Missa pelo cuidado da criação, pe. Patrick faz uma análise do formulário explicitando a sua teologia e pe. Marlon discorre sobre o lecionário dessa Missa. Daniel, por sua vez, fala do lugar do Prefácio e das opções eucológicas para a missa, enquanto frei Wanderson apresenta o Cântico dos três jovens, do livro do profeta Daniel como louvor da criação. Pe. Damásio, chama a atenção para a forma como a Ecologia esteve presente nas Campanhas da Fraternidade ao longo destes 61 anos de sua existência na Igreja do Brasil.
O formulário da Missa pelo cuidado da criação é muito bem vindo, inclusive no âmbito do Rito amazônico, proposto pela “Querida Amazônia”, para legitimar e alavancar todo o esforço que está se fazendo para concretizar um tal empreendimento.
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