Apresentamos, neste número da Revista de Liturgia, o resultado do levantamento sobre a Liturgia no Brasil, anunciado no 7.º Plano Bienal dos Organismos Nacionais da CNBB como projeto 4.19: “Novo impulso para a renovação litúrgica no Brasil. A celebração dos 20 anos da Constituição sobre a Sagrada Liturgia é um momento oportuno para suscitar, em todos os níveis e entre as diversas categorias dos responsáveis pela liturgia, uma reflexão profunda sobre os princípios do Vaticano Il, com respeito à liturgia, para chegar às celebrações mais imbuídas do espírito do Concílio e mais adaptadas à índole do povo do Brasil”.
A ideia deste levantamento surgiu no Encontro Nacional dos Liturgistas do Brasil, em julho de 1983. Ali elaborou-se o primeiro esboço das perguntas do questionário. Os bispos responsáveis pela liturgia nos regionais acolheram as sugestões, aperfeiçoaram
o questionário e pediram à linha 4 da CNBB de enviá-lo a todas as dioceses e, através da CRB, aos superiores maiores das
ordens e congregações religiosas no Brasil. Com carta de 26/10/83, o questionário foi enviado. As 2.042 respostas recebidas
até julho de 1984, Frei Ary Pintarelli, tabulou e sintetizou.
Apresentamos aqui as contribuições de vários liturgistas. Alguns fizeram uma verdadeira análise das respostas, outros apresentaram as respostas de maneira sistemática com menos considerações pessoais. Alguns dão também pistas para O agir.
Estas contribuições em toda sua variedade nos dão — ainda que incompleta — uma imagem da situação da liturgia no Brasil. As reflexões mais pessoais, nos fornecem elementos preciosos para um conhecimento profundo da liturgia e para um agir que pode significar, pelo menos, o deslanchar de um novo impulso para a renovação litúrgica no Brasil.
Esperamos que momentos especiais deste agir, como o Congresso Nacional de Liturgia, previsto para fevereiro de 1986, e um eventual documento da CNBB sobre a renovação litúrgica no Brasil, possam completar este impulso e levar a uma ação mais planejada, unificada e intensa no campo da pastoral litúrgica, até que em 1988, possamos comemorar o 25.º da promulgação da Constituição sobre a Sagrada Liturgia. Para facilitar a leitura do trabalho aqui apresentado, seguem algumas observações
feitas por Frei Ary Pintarelli:
Frisamos que a maioria absolutíssima dos questionários foram respondidos por “eclesiásticos” (Bispos, Sacerdotes, Religiosos/as) e muito poucos por leigos. Respostas de leigos aparecem mais em alguns Regionais, como no Leste | (Rio de Janeiro), Sul | (São Paulo) e Sul IV (Santa Catarina).
Na descrição dos resultados da pesquisa, unimos as respostas das Dioceses/Paróquias com as dos Religiosos (masculinos e femininos), em primeiro lugar porque percebemos que todos retratam a realidade povo, paróquia e nunca a realidade Vida Religiosa.
Percebemos também que por serem respostas de pessoas que normalmente trabalham nas “bases”, essas pessoas pouco distinguem entre os vários campos da Pastoral. E então as respostas englobam tudo: a liturgia está unida à catequese, à educação religiosa escolar, à pastoral social, à assistência aos necessitados, aos doentes, à formação e cultivo de grupos de reflexão, etc… etc… Isso, em relação à maioria das respostas; evidentemente, há muitos que distinguem muito bem os campos, apesar de na vida prática, por vezes, as coisas acontecerem sem essas distinções, digamos acadêmicas. As perguntas do questionário foram propositadamente elaboradas de maneira bem aberta, de modo que cada um pudesse expressar-se livremente. Se isso tem uma vantagem que é de não dirigir a resposta, deixando liberdade, por outro lado traz um perigo muito sério que é o subjetivismo: cada um vê a realidade conforme os próprios “óculos”.
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