É bem significativo que, neste ano jubilar da II Conferência do Episcopado Latino-americano, ocorrida em Medellín, a qual mudou os rumos da Igreja em nosso Continente, estejamos vivenciando, também, o advento do Sínodo para a Amazônia.
Convocado pelo papa Francisco em outubro de 2017, para se realizar em outubro de 2019, esse encontro especial, que tem como tema de escuta, estudo e decisões, “Amazônia: novos caminhos para a Igreja e por uma ecologia integral”, coloca essa grande reserva natural no coração de nossa comunidade de fé. De acordo com o papa, um dos objetivos do evento é “identificar novos caminhos para a evangelização daquela parte do Povo de Deus, especialmente os indígenas, muitas vezes esquecidos e sem perspectiva de um futuro sereno”. Dessa forma, os primeiros interlocutores deste sínodo são os povos nativos e os grupos que vivem na região.
Contudo, segundo o texto preparatório, levando em conta a importância vital que a Amazônia tem para o mundo, este encontro eclesial se faz relevante não só para toda a Igreja, como também para o futuro de nossa casa comum. Partindo dos povos desse lugar, o Sínodo para a Amazônia quer estabelecer pontes com outros biomas essenciais do planeta: a Bacia Fluvial do Congo, o corredor biológico mesoamericano, as florestas tropicais da Ásia Pacífica e o Aquífero Guarani, entre outros [cf. n. 3].
Nesse sentido, interessa à Igreja inteira saber, de um lado, como esses povos imaginam um “futuro tranquilo” e o “bem viver” para as gerações vindouras e, de outro, como a comunidade eclesial pode colaborar na construção de um mundo capaz de romper com as estruturas que sacrificam a vida. Assim, nossa atenção se volta, sobretudo, para compreender qual a missão da Igreja, hoje, dentro dessa realidade [cf. n. 4].
Partindo da identidade e dos clamores da Amazônia, o sínodo se propõe fazer discernimento para uma conversão pastoral e ecológica, priorizando o anúncio do evangelho, a fim de chegar a novos caminhos numa Igreja com rosto amazônico.
Uma Igreja de rosto tão próprio terá como prioridade definir métodos e atitudes para constituir uma pastoral inculturada e, também, precisará avaliar e repensar o jeito de celebrar. Dessa forma, é importante propor, para os diferentes agentes de pastoral, novos ministérios e serviços, que respondam pelas tarefas e responsabilidades da comunidade. Além disso, será necessário identificar o tipo de ministério que pode ser conferido às mulheres, levando em conta o papel central que elas desempenham hoje na Igreja. E, por fim, valerá, ainda, refletir sobre novos caminhos para que o Povo de Deus tenha melhor e frequente acesso à Eucaristia, centro da vida cristã [cf. n. 81].
Oxalá o sopro do Espírito, que enche o universo e faz novas todas as coisas, abra caminhos igualmente novos pelas estradas e rios da Amazônia, recrie o povo de Deus e suas lideranças, no sentido de uma ação da Igreja que contribua para o bem viver dos povos da floresta. E que toda a comunidade eclesial participe do vigor e da alegria deste renovado pentecostes.
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