Ao comemorar os 50 anos da Revista de Liturgia, que nasceu impulsionada pelo movimento de recepção da reforma litúrgica no Brasil, estamos trazendo à lembrança das comunidades os temas fundamentais da Constituição Litúrgica Sacrosanctum Concilium, que também completa 60 anos. Com dom Jerônimo Pereira, já na primeira edição deste ano, n. 295, o tema foi a própria “gênese e estrutura” desse documento tão decisivo para a vida e a missão da Igreja. Na edição seguinte, n. 296, dom Jerônimo discorreu sobre o “Mistério Pascal”, conceito bíblico e eclesial, vital para a vida da Igreja, e que, após ter estado quase perdido, foi resgatado e recolocado no centro da compreensão de Igreja e de liturgia do Concílio Vaticano II. Já na edição n. 297, o assunto abordado por Jerônimo foi a sacramentalidade da liturgia, conceito antigo, que passou por um reducionismo, mas que, redescoberto, voltou a ser aplicado à liturgia, na sua globalidade. Tal realidade, conforme explicou o autor em seu artigo na presente edição, se dá por um duplo movimento: o de descida, próprio de Deus, em Jesus Cristo, que a Igreja invoca para que o seu Espírito opere nela transformação pascal (dimensão epiclética); e o de subida, movimento pelo qual a assembleia dos redimidos glorifica a Deus, sempre recordando suas ações a favor do seu povo (dimensão anamnética).
Ainda no âmbito da Sacrosanctum Concilium, trazemos, nesta edição, um excelente artigo do Frei Joaquim Fonseca, que trata
do canto e da música na liturgia, abordando-os sob o enfoque da participação e apontando, ao mesmo tempo, como imprescindível, o repertório. O autor faz, além disso, um destaque especial e muito pertinente sobre o canto no Ofício Divino. João Paulo Veloso, por sua vez, dando continuidade ao seu trabalho com os verbos-chave da Constituição, apresenta, neste número, os termos adaptar e simplificar e o sentido que eles têm para a compreensão do documento.
Em cada edição deste ano comemorativo, a foto de capa é um mosaico das capas que a Revista teve em uma determinada década. Com relação ao artigo de cada década que tem sido destacado nas edições deste ano, comentado por Marcio Pimentel, elegemos, desta vez, um texto relevante tanto pelo seu conteúdo como pela sua autoria. Dessa forma, o artigo escolhido foi “Alguém me tocou, sobre a sacramentalidade da liturgia”, de Ione Buyst, articulista que colaborou com a Revista desde a sua primeira edição. Com respeito ao artigo de Marlon Ramos Lopes, o autor continua com seu preciso e precioso trabalho sobre leitura litúrgica da Bíblia, indicando a liturgia como novo contexto para essa leitura e tratando, desta vez, dos textos bíblicos que compõem a celebração da memória festiva dos apóstolos Pedro e Paulo.
Ainda nesta edição, trazemos um relato sobre o processo de preparação do 15º Intereclesial das CEBs, que acontecerá em
Rondonópolis nos dias 18 a 22 de julho, trabalho que conta com o acompanhamento da Rede Celebra de animação litúrgica. A Revista de Liturgia estará presente no evento, como tem feito desde o 5º Intereclesial, realizado em Canindé/CE, repercutindo a produção criativa das CEBs por uma liturgia pascal e, por isso mesmo, profundamente ligada à vida.
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