ANTES DA CELEBRAÇÃO

  1. Leitura orante dos textos bíblicos
    Ler, primeiro, o Evangelho, de João 11,1-45, e conversar sobre o que chamou a atenção no texto. Em seguida, ler a primeira leitura, de Ezequiel 37,12-14, o salmo responsorial, Sl 130(129), e a segunda leitura, de Romanos 8,8-11. A partir disso, observar: como esses textos estão combinando com o Evangelho? E, também, como a leitura desses textos pode ser enriquecida com os elementos verbais (aclamação ao evangelho, orações, cantos) e não verbais da celebração deste 5º domingo da Quaresma do ano A?
  2. Para ajudar na compreensão dos textos
    O Evangelho deste domingo começa falando de um doente, chamado Lázaro, de Betânia, povoado de Maria e Marta sua irmã. A Casa de Betânia é uma referência importante para quem crê em Jesus e o segue. Trata-se de uma comunidade em seu progressivo itinerário de fé. É evidente o protagonismo das mulheres. Maria é citada por primeiros “aquela que ungira os pés de Jesus com perfume e enxugara com seus cabelos”. “O irmão dela Lázaro, é que estava doente”, indicando a sua liderança. Mas é Marta “a quem Jesus amava” [v. 5] que vai ao seu encontro [v. 20]. As irmãs mandaram recado para Jesus: “aquele que amas está doente”. Jesus era muito amigo de Marta, de sua irmã Maria e de Lázaro.
    Ao saber que Lázaro estava doente, Jesus foi visitá-lo, mesmo correndo risco de morte (v.15). Mas, quando chegou em Betânia, já encontrou Lázaro no sepulcro. Não havia qualquer perspectiva de vida. Diante da dor de Marta, Jesus se revela com a mesma expressão com que Deus se revelou a Moisés na sarça: “EU SOU a ressurreição e a vida” É o nome do Deus que inclina o ouvido, escuta o clamor e faz o povo passar da servidão à terra da liberdade. É este Deus do Êxodo, que diz aos exilados [na primeira leitura deste domingo], “quando eu abrir as vossas sepulturas, sabereis que eu sou o Senhor”.
    Marta responde com a enfática profissão de fé semelhante à de Pedro: “Sim, Senhor, eu creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus que veio a este mundo” [v. 27]. É o ponto alto da narrativa deste domingo, tal como nas narrativas da samaritana e do cego de nascença. É Marta quem se faz porta-voz de toda a comunidade.
    Maria está sentada, levanta-se ao chamado de Jesus vv.28-33] mas está em prantos. As lágrimas são a linguagem do coração. Elas unem admiravelmente corpo e alma com uma verdade que palavras e discursos conceituais são incapazes de manifestar. Jesus entra neste turbilhão de sentimentos, neste Lugar das lágrimas e chora. “há lugares em nós que só existem com as lágrimas penetram” [Jean Yves Leloup]
    Lázaro é símbolo da humanidade ferida. Nada diz e nada faz. Carlos Martini sugere que “Lázaro representa a pessoa que é amada por Jesus, simplesmente porque Jesus assim o quer”. Jesus o escolhe, gratuitamente e o cura de sua ferida. Na ressurreição de Lázaro, como na própria morte de Jesus, o que vence é o amor. Um amor concreto, pessoal, cotidiano, amigo que liga Jesus a Lázaro, um homem que não fazia parte do grupo dos Doze, mas que, junto com suas irmãs, acolheu Jesus quando ele foi para Betânia (Jo 12:1).
    De fato, o amor não impede que a doença e a morte atinjam aqueles que se amam. O amor por Lázaro leva Jesus a embarcar numa viagem que pode custar-lhe a vida. Também isto mostra que a revelação de Deus em Jesus inclui a amizade e nela Jesus narra a glória de Deus, o poder do deu amor mais forte que a morte. Jesus ama Lázaro. E quem ama liberta.
    A dor é proporcional ao amor. E esta é, por vezes, a razão que nos leva a fugir do amor, para não sofrer. Mas que sentido teria a vida, se não tivesse alguém por quem chorar? Não podemos consentir que morte exerça o poder de inibir o amor.
    A passagem da morte à vida, do amado Lázaro antecipa o que Jesus fará pouco depois quando, tendo amado os seus amou-os até o fim. As cenas estão cheias de alusões pascais: dia e noite, dormir e acordar, morrer e viver prefigurando a ressurreição do próprio Jesus. Note-se, por exemplo, o simbolismo dos panos, da pedra à entrada do túmulo, dos três dias. Paradoxalmente, este episódio da ressurreição de Lázaro torna-se o pretexto da morte de Jesus, tornando-se, assim, a introdução da narrativa da sua paixão.
  3. Perspectiva para a homilia
    A figura de Lázaro, preso dentro do sepulcro e amarrado em faixas, torna-se, assim, o protótipo da pessoa que crê em Jesus e faz gradativamente a passagem da morte à vida. O batismo é o início de uma vida nova, sem as amarras da morte. A celebração deste quinto domingo da Quaresma, onde, por antiga tradição, se procede à última purificação daqueles que receberão os sacramentos da iniciação na Páscoa, é, ela mesma, um sinal da ação de Jesus que intercede ao Pai e nos chama à vida. Ao mesmo tempo, a comunidade dos crentes, retomando a profissão de fé de Marta, torna-se, também ela, um sinal sacramental da ressurreição de Jesus, preparando-se para renovar o seu batismo na Páscoa.

NA CELEBRAÇÃO

  1. REFRÃO MEDITATIVO
    É bom confiar em Deus, é bom confiar,
    é bom esperar sempre nos Senhor.
  2. CANTO DE ABERTURA – Fiquei foi contente, H 2, p. 53.
    Procissão, levando a cruz e o lecionário.
  3. Sinal-da-cruz
    Em nome do Pai e do filho e do Espírito Santo. Amém.
  4. SAUDAÇÃO
    A paz do Senhor esteja com vocês.
    Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo.
  5. ACOLHIDA, SENTIDO DA CELEBRAÇÃO E RECORDAÇÃO DA VIDA
    O(a) animador(a), com breves palavras introduz o sentido do domingo:
    Entremos nesta celebração com íntima gratidão pela graça que nos acompanhou ao longo desta quaresma, purificando nossos corações e revigorando nossa fé em Jesus.
    Se for o caso, alguem da equipe ou a própria assembleia pode lembrar fatos marcantes que são sinais da páscoa de Jesus na vida do povo.
  6. ATO PENITENCIAL
    Terminada a recordação da vida, a cruz procissional é colocada em destaque, quem preside faz o convite:
    Reconheçamos o nosso pecado e aproximemos da fonte de toda a reconciliação, Jesus Cristo nosso Salvador.
    Todos se inclinam em oração silenciosa… Quem preside prossegue:
    Senhor, pastor do teu povo, que confiaste à tua Igreja o ministério da reconciliação, tem piedade de nós.
    Senhor, tem piedade de nós.
    Cristo, Palavra do Pai, que nos chamas a conversão, tem piedade de nós.
    Senhor, tem piedade de nós.
    Senhor, vida e ressurreição, que nos deste o Espírito para fazer novas todas as coisas, tem piedade de nós.
    Cristo, tem piedade de nós.
    O Deus de ternura e misericórdia tenha compaixão de nós, perdoe os nossos pecados e nos conduza à vida eterna. Amém.
  7. ORAÇÃO INICIAL
    Oremos ao Senhor… [breve silêncio]
    Senhor, nosso Deus,
    dá-nos a graça de caminhar com alegria
    no mesmo amor que levou teu filho
    a entregar sua vida pela salvação da humanidade.
    Por Cristo, nosso Senhor. Amém.
  8. PRIMEIRA LEITURA : Ezequiel 37,12-14
    Os hebreus estavam exilados e viviam um grande pessimismo em relação ao futuro. Escutando a profecia de Ezequiel em meio a esta situação, procuremos uma palavra de Deus para os nossos desânimos e nossas indiferenças.
  9. SALMO RESPONSORIAL 130(129)
    Com este salmo, gritamos a Deus das profundezas de nosso pecado, contemplando a salvação que vai-se realizando em nós gratuitamente.
    No Senhor é que se encontra o perdão,
    copiosa redenção.
    Das profundezas eu clamo a vós, Senhor,
    escutai a minha voz!
    Vossos ouvidos estejam bem atentos
    ao clamor da minha prece!
    Se levardes em conta nossas faltas,
    quem haverá de subsistir?
    Mas em vós se encontra o perdão,
    eu vos temo e em vós espero.
    No Senhor ponho a minha esperança,
    espero em sua palavra.
    A minh’alma espera no Senhor
    mais que o vigia pela aurora.
    Espere Israel pelo Senhor
    mais que o vigia pela aurora.
    Ele vem libertar a Israel
    de toda a sua culpa.
  10. SEGUNDA LEITURA : Romanos 8,8-11
    Vejam como Paulo, escrevendo aos romanos, mostra que Jesus cumpriu a profecia de Ezequiel que escutamos na primeira leitura.
  11. ACLAMAÇÃO AO EVANGELHO
    Honra, glória, poder e louvor
    a Jesus, nosso Deus e Senhor!
    Eu sou a ressurreição, eu sou a vida.
    Quem crê em mim não morrerá eternamente.
  12. PROCLAMAÇÃO DO EVANGELHO : João 11,1-45
    No tempo de Jesus, já era espalhada a crença na ressurreição dos mortos no final dos tempos. Mas ressuscitar os mortos, aqui e agora, era inesperado. Vendo a promessa e a ação de Jesus, acolhamos a boa notícia que este evangelho traz para nós.
    O(a) leitor(a) se dirige à assembleia com esta saudação:
    O Senhor esteja com vocês. Ele está no meio de nós.
    Fazendo o sinal-da-cruz na fronte, na boca e no peito:
    Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo…
    Glória a vós, Senhor.
    Proclama o evangelho e no final da leitura conclui:
    Palavra da Salvação. Glória a vós, Senhor.
    Beija o livro e o mostra para a assembleia, que se inclina, num gesto de adesão à Palavra.
  13. HOMILIA
  14. CREIO
  15. PRECES
    Com a íntima confiança no Deus vencedor da morte, elevemos a ele as nossas preces, dizendo:
    Senhor, dá-nos a vida.
  • Para que o progresso da ciência em prolongar e melhorar a vida seja sempre inspirado no bem da pessoa toda, oremos.
  • Pelas pessoas aniquiladas pelo desânimo e pela tristeza, para que descubram novo sentido da vida, oremos.
  • Pelas comunidades indígenas vítimas do abandono e da depredação de suas terras e dos seus rios, para que encontrem nos poderes públicos amparo e alternativa de sobrevivência, oremos.
    Preces espontâneas…
    Deus criador, escuta em nossos pedidos a voz do teu Espírito, e faze crescer em nós a vida que vem de ti. Por Cristo nosso Senhor. Amém.
  1. COLETA FRATERNA
    É o momento de trazer donativos ou o dízimo para as necessidades da comunidade, enquanto a assembleia canta – CD Paulus, Liturgia XIV: Eis o tempo de conversão, faixa 6; Todo o povo sofredor, faixa 13.
  2. AÇÃO DE GRAÇAS
    Terminada a coleta todos/as se levantam, quem preside se aproxima do altar e dá início à ação de graças.
    [Se houver comunhão eucarística, antes da ação de graças, os/as ministros/as trazem o pão consagrado para o altar].
    Quem preside, faz o convite e em seguida diz a oração intercalando com o refrão da assembleia:
    O Senhor esteja com vocês.
    Ele está no meio de nós!
    Demos graças ao Senhor, nosso Deus.
    É nosso dever e nossa salvação!
    É prazer para nós Pai de bondade, te louvar e te adorar
    Pois nos dás a cada ano,
    a graça de esperar com alegria a santa Páscoa.
    Tu reabres para nós, nesta quaresma,
    a estrada do Êxodo, para que tomemos consciência
    de nossa vocação de povo da aliança,
    consagrado pelo batismo,
    a serviço do teu reino no mundo.
    Bendito sejas, Senhor, nosso Deus.
    De coração purificado, entregues à oração
    e à prática do amor fraterno,
    preparamo-nos para celebrar os mistérios pascais,
    que nos deram vida nova
    e nos tornaram teus filhos e filhas.
    Bendito sejas, Senhor, nosso Deus.
    Derrama sobre nós o teu Espírito,
    recebe o louvor de todo o universo
    e de todas as pessoas que te buscam.
    Bendito sejas, Senhor, nosso Deus.
    Toda a nossa louvação chegue a ti, em nome de Jesus
    por quem oramos com as palavras que ele nos ensinou:
    Pai nosso… pois vosso é o reino, o poder e a glória para sempre.
    Ou: CD-DS faixa 12 – depois do diálogo inicial, quem coordena canta, e a assembleia repete:
    É bom cantar um bendito!
    Um canto novo, um louvor!
  3. Ao Deus que em tempo propício,
    sua graça derramou!
  4. Ao Deus que pelo deserto
    o seu Filho sustentou!
  5. Tal foi o amor pelo amigo,
    que á vida retornou!
  6. Jesus por nós deu a vida
    e nos reconciliou!
  7. Um povo arrependido / louva e canta ao seu Senhor!
    Quem preside conclui, recitando:
    Recebe o louvor de todo o universo e a prece que elevamos a ti, com a oração que o Senhor nos ensinou: Pai nosso…
  8. ABRAÇO DA PAZ
    Saudemo-nos, uns aos outros com um sinal de paz e de reconciliação.
    Não havendo comunhão, passa-se daqui, para a oração final (n. 20).
  9. COMUNHÃO
    Quem preside diz:
    Relembrando de Jesus que, muitas vezes,
    reuniu-se com os seus para comer e beber,
    revelando que o teu reino havia chegado,
    nós também nos alegramos com ele nesta mesa.
    E tomando nas mãos o pão consagrado, acrescenta:
    Quem vem a mim nunca mais terá fome
    e o que crê em mim nunca mais terá sede.
    Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!
    Senhor, eu não sou digno(a)…
  • Canto (partilha do pão)
    Eu vim para que todos tenham vida, H 2, p. 142.
  1. ORAÇÃO FINAL
    Deus da vida,
    que, nesta celebração,
    nos arrancaste das forças da morte
    e nos colocaste no caminho da vida,
    dá-nos a graça de prosseguirmos com firmeza
    nossa caminhada pascal,
    para que sejamos contados
    entre os membros de Cristo.
    Por Cristo, nosso Senhor. Amém.
  2. COMUNICAÇÕES
  3. BÊNÇÃO
    O Deus da paz nos santifique totalmente, guarde-nos em seus caminhos até a páscoa da ressurreição. Amém.
    Abençoe-nos, o Pai e o Filho e o Espírito Santo. Amém.
    Glorifiquemos a Deus com a nossa vida. Vamos em paz e o Senhor nos acompanhe.
    Graças a Deus.

Roteiro preparado: Penha Carpanedo
Congregação Discípulas do Divino Mestre,
Redatora da revista de liturgia
www.revistadeliturgia.com.br
membro da Rede Celebra

Adquira o livro:
Dia do Senhor: Rito da Celebração da Palavra,
Paulinas Volume 1.
Contem roteiros para a
Celebração dominical da Palavra
durante todo o ano litúrgico.
www.apostoladolitúrgico.com.br
Desenho: Claudio Pastro

ASSINE JÁ A REVISTA DE LITURGIA!
A Revista de Liturgia é um serviço de formação litúrgica destinada ao povo de Deus, especialmente às pessoas que atuam na pastoral litúrgica e nos diversos ministérios dentro da celebração. Traz artigos de excelente conteúdo e de fácil leitura, sobre diversos temas, sempre em sintonia com a pastoral litúrgica da Igreja no Brasil, em função da prática celebrativa das comunidade e da relação liturgia e catequese.

Deixe um comentário