Domingo do encontro de Jesus com a samaritana

ANTES DA CELEBRAÇÃO

  1. Leitura orante dos textos bíblicos
    Ler, primeiro, o Evangelho, de João 4,5-42, e conversar sobre o que chamou a atenção no texto. Em seguida, ler a primeira leitura, de Êxodo 17,3-7, o salmo responsorial, Sl 95(94), e a segunda leitura, de Romanos 5,1-2.5-8. A partir disso, observar: como esses textos estão combinando com o Evangelho? E, também, como a leitura desses textos pode ser enriquecida com os elementos verbais (aclamação ao evangelho, orações, cantos) e não verbais, da celebração deste 3º domingo da Quaresma do ano A?
  2. Para ajudar na compreensão dos textos
    A história dos patriarcas e de suas lutas pela sobrevivência, cavando poços no deserto e tornando a vida possível, serve de horizonte para João narrar este encontro de Jesus com a samaritana. Jesus senta-se junto ao poço de Jacó, por volta do meio-dia, hora de maior claridade, e ao mesmo tempo, hora de escuridão, o que evoca a sua condenação (19,14). Uma mulher samaritana vem buscar água. O encontro com Jesus começa pelo ato com que Jesus ousa expor a sua necessidade perante ela. Sedento como na cruz (19,28), Jesus lhe pede: “Dá-me de beber” (Jo 4,7). A Samaritana por sua vez se sente encorajada a formular o seu pedido: “Senhor, dá-me desta água (Jo 4,15). Essa pobreza compartilhada torna-se a base do encontro na verdade. Tal como o dom da água, que alivia a sede do povo durante o caminho do êxodo (1ª leitura), Jesus é apresentado como torrente de água viva. Tudo culmina na profissão de fé: “Nós cremos e conhecemos que este é realmente o Salvador do mundo”.
  3. Perspectiva para a homilia
    A samaritana é um ícone do discipulado. O batismo não é algo acabado, mas um caminho que se constrói progressivamente. Jesus não bebe da água e a mulher esquece o seu cântaro (Jo 4,28-29) porque a verdadeira sede é a sede de encontro. A nossa busca encontra-se, assim, com a busca que o próprio Senhor faz de nós. A mulher se transforma em evangelizadora. Mas se ela proclama o que Jesus disse e fez, é porque, antes, Jesus revelou a ela quem ela é (Jo 4,29). O caminho da samaritana até Jesus coincide com a sua peregrinação interior em busca de si mesma, em que mesmo os aspectos mais problemáticos, que em geral uma pessoa tem dificuldade de confessar, são reconhecidos, o que ocorre porque ela se sente profundamente acolhida, sem qualquer julgamento por parte de Jesus. Em nossa celebração, somos atraídos pelo desejo de Jesus. No rito da aspersão, deixemos que o símbolo da água nos conduza para dentro do mistério do nosso batismo, que vamos renovar na Páscoa. Tal como a água, o Espírito é derramado em nossos corações (2ª leitura).

NA CELEBRAÇÃO

  1. Refrão meditativo
    É bom confiar em Deus, é bom confiar,
    é bom esperar sempre nos Senhor.
  2. Canto de abertura – Senhor eis aqui o teu povo, H 2, p. 190; Dizei aos cativos: “saí”, H 2, p. 132.
    Procissão, levando a cruz e o lecionário.
  3. Sinal-da-cruz
    Em nome do Pai e do filho e do Espírito Santo. Amém.
  4. Saudação
    A paz do Senhor esteja com vocês.
    Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo.
  5. Acolhida, sentido da celebração e recordação da vida
    O(a) animador(a), com breves palavras introduz o sentido do domingo:
    Retomando com renovado fervor a graça do batismo, tomemos consciência de nossas instabilidades e renovemos nossa confiança na misericórdia do Senhor. É ele quem nos converte e nos educa para toda a boa obra.
    Se for o caso, alguem da equipe ou a própria assembleia pode lembrar fatos marcantes que são sinais da páscoa de Jesus na vida do povo.
  6. Ato penitencial
    Terminada a recordação da vida, a cruz procissional é colocada em destaque, quem preside faz o convite:
    Reconheçamos o nosso pecado e aproximemos da fonte de toda a reconciliação, Jesus Cristo nosso Salvador.
    Todos se inclinam em oração silenciosa… Quem preside prossegue:
    Senhor, pastor do teu povo, que confiaste à tua Igreja o ministério da reconciliação, tem piedade de nós.
    Senhor, tem piedade de nós.
    Cristo, Palavra do Pai, que nos chamas a conversão, tem piedade de nós.
    Senhor, tem piedade de nós.
    Senhor, vida e ressurreição, que nos deste o Espírito para fazer novas todas as coisas, tem piedade de nós.
    Cristo, tem piedade de nós.
    O Deus de ternura e misericórdia tenha compaixão de nós, perdoe os nossos pecados e nos conduza à vida eterna. Amém.
  7. Oração inicial
    Oremos ao Senhor… [breve silêncio]
  8. Oração do dia
    Ó Deus, fonte de todo bem, quiseste que dedicássemos este tempo quaresmal à fraternidade, à oração e à renúncia de nós mesmos. Olha a nossa fraqueza e faze morrer a maldade em nós, para que sejamos, por tua misericórdia, recriados para uma vida nova. Por Cristo, nosso Senhor. Amém.
  9. Primeira leitura – Êxodo 17,3-7
  10. Salmo responsorial – salmo 95(94) (H 2, p. 62-3)
    Não fecheis, irmãos, o vosso coração,
    como outrora no deserto!
    Vinde, exultemos de alegria no Senhor,
    aclamemos o rochedo que nos salva!
    Ao seu encontro caminhemos com louvores
    e com cantos de alegria o celebremos!
    Vinde, adoremos e prostremo-nos por terra
    e ajoelhemos ante o Deus que nos criou!
    Porque ele é nosso Deus, nosso pastor,
    e nós somos o seu povo e seu rebanho.
    Não fecheis os corações como em Meriba,
    como em Massa, no deserto, aquele dia,
    em que outrora vossos pais me provocaram,
    apesar de terem visto as minhas obras.
  11. Segunda leitura – Romanos 5,1-2.5-8
  12. Aclamação ao evangelho
    “Louvor a vós, ó Cristo Rei, rei da eterna glória, rei da eterna glória.
    Na verdade, sois o salvador do mundo, Senhor, dai-me água viva, a fim de eu não ter mais sede!”.
  13. Proclamação do evangelho – João 4,5-42
    O(a) leitor(a) se dirige à assembleia com esta saudação:
    O Senhor esteja com vocês. Ele está no meio de nós.
    Fazendo o sinal-da-cruz na fronte, na boca e no peito:
    Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo…
    Glória a vós, Senhor.
    Proclama o evangelho e no final da leitura conclui:
    Palavra da Salvação. Glória a vós, Senhor.
    Beija o livro e o mostra para a assembleia, que se inclina, num gesto de adesão à Palavra.
  14. Homilia
    A história dos patriarcas e de suas lutas pela sobrevivência no meio do deserto serve de horizonte para João narrar este encontro de Jesus com a samaritana. Tal como os pais da fé, que ergueram poços e cisternas no deserto e tornaram a vida possível, Jesus é apresentado como o portador de um dom tão precioso como a água. Mas o texto usa, igualmente, outros simbolismos bíblicos, tal como a mulher infiel anunciada pelo profeta Oséias (Os 2), figura do sincretismo e da idolatria religiosa da Samaria, ou as imagens da semeadura e da colheita como figuras do reino de Deus. Tudo isso culmina na profissão de fé que encerra o texto – “Nós cremos e conhecemos que este é realmente o Salvador do mundo” -, onde “crer” e “conhecer” têm a dimensão de experiência profunda de fé.
    A samaritana torna-se, assim, símbolo do(a) catecúmeno(a) e do(a) discípulo(a) de Jesus, de quem aceita o dom que o Senhor oferece, e que realiza em seu itinerário aquilo que o Senhor profetiza: aquele que beber da água que eu lhe darei nunca mais terá sede, e a água que eu lhe der se tornará nele uma fonte de água que jorra para a vida eterna. O discípulo torna-se o adorador em espírito e verdade e, exatamente por isso, detentor de um dinamismo missionário e evangelizador, tal como a mulher samaritana que dizia para todos: “Vinde ver um homem que me disse tudo o que eu fiz: será que ele não é o Cristo?”. Esta mulher, no início do evangelho, evoca a pessoa de Maria Madalena, que, na manhã da ressurreição, trará para o mundo a boa notícia da páscoa de Cristo.
    O batismo, neste domingo, nos é apresentado, não como algo acabado, mas como uma relação a ser construída, tal como o diálogo vivido entre Jesus e a samaritana, que se estende a muitos. Por isso, é melhor dizer que somos batizados, mais do que fomos batizados. Toda celebração que participamos, seja molhando nossas mãos na pia de água benta, seja participando de um rito de aspersão, deixamos que o símbolo da água nos conduza para dentro do mistério do nosso batismo. Ela nos aponta para o espírito que deve animar continuamente a nossa existência batismal: lembremos que, tal como a água, o espírito é derramado. Mergulhados na água – e a palavra “batismo” significa “imersão” e “mergulho” -, somos mergulhados no Cristo, em sua morte e ressurreição, celebrada e realizada em nós em cada assembléia litúrgica.
  15. Creio
  16. Preces
  17. Preces
    O Espírito de Deus derramado em nossos corações nos anima a orar com toda a confiança, dizendo:
    Senhor, escuta a nossa prece.
  • Pelos catecúmenos e catecúmenas, que se preparam para receber os sacramentos pascais, para que recebam a graça da iluminação, oremos.
  • Pelas pessoas que desejam retomar o caminho do Evangelho, para que tenham oportunidade de viverem uma experiência pessoal viva e comunitária, oremos.
  • Pelas populações que vivem em lugares áridos ou que têm suas as águas poluídas e passam por todo tipo de privação, oremos.
    Preces espontâneas…
    Deus da vida, ouve o nosso clamor, sacia nossa sede com a água viva do teu Espírito. Por Cristo nosso Senhor. Amém.
  1. Coleta fraterna
    É o momento de trazer donativos ou o dízimo para as necessidades da comunidade, enquanto a assembleia canta – CD Paulus, Liturgia XIV: Eis o tempo de conversão, faixa 6; Todo o povo sofredor, faixa 13.
  2. Ação de graças
    Terminada a coleta todos/as se levantam, quem preside se aproxima do altar e dá início à ação de graças.
    [Se houver comunhão eucarística, antes da ação de graças, os/as ministros/as trazem o pão consagrado para o altar].
    Quem preside, faz o convite e em seguida diz a oração intercalando com o refrão da assembleia:
    O Senhor esteja com vocês.
    Ele está no meio de nós!
    Demos graças ao Senhor, nosso Deus.
    É nosso dever e nossa salvação!
    É prazer para nós Pai de bondade,
    te louvar e te adorar
    Pois nos dás a cada ano,
    a graça de esperar com alegria a santa páscoa.
    Tu reabres para nós, nesta quaresma,
    a estrada do Êxodo,
    para que tomemos consciência
    de nossa vocação de povo da aliança,
    consagrado pelo batismo,
    a serviço do teu reino no mundo.
    Bendito sejas, Senhor, nosso Deus.
    De coração purificado, entregues à oração
    e à prática do amor fraterno,
    preparamo-nos para celebrar os mistérios pascais,
    que nos deram vida nova
    e nos tornaram teus filhos e filhas.
    Bendito sejas, Senhor, nosso Deus.
    Derrama sobre nós o teu Espírito,
    recebe o louvor de todo o universo
    e de todas as pessoas que te buscam.
    Bendito sejas, Senhor, nosso Deus.
    Toda a nossa louvação chegue a ti, em nome de Jesus
    por quem oramos com as palavras que ele nos ensinou:
    Pai nosso… pois vosso é o reino, o poder e a glória para sempre.
  3. Abraço da paz
    Saudemo-nos, uns aos outros com um sinal de paz e de reconciliação.
    Não havendo comunhão, passa-se daqui, para a oração final (n. 20).
  4. Comunhão
    Quem preside diz:
    Relembrando de Jesus que, muitas vezes,
    reuniu-se com os seus para comer e beber,
    revelando que o teu reino havia chegado,
    nós também nos alegramos com ele nesta mesa.
    E tomando nas mãos o pão consagrado, acrescenta:
    Quem vem a mim nunca mais terá fome
    e o que crê em mim nunca mais terá sede.
    Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!
    Senhor, eu não sou digno(a)…
  • Canto (partilha do pão)
    Pelo deserto, H 2, p. 172-3; Feliz aquele a quem Deus perdoa, H 2, p. 29.
  1. Oração final
    Ó Deus das promessas,
    nesta celebração de irmãos e irmãs,
    tua bondade generosa se derramou sobre nós.
    Pela energia amorosa do teu Espírito,
    guia-nos e conduze-nos nesta terceira semana da quaresma, para que bebamos sempre da água que é Cristo, fonte que jorra para a vida plena,
    e o anunciemos por nossa vida e palavras.
    Por Cristo, nosso Senhor. Amém.
  2. Comunicações
  3. Bênção
    O Deus da paz nos santifique totalmente, guarde-nos em seus caminhos até a páscoa da ressurreição. Amém.
    Abençoe-nos, o Pai e o Filho e o Espírito Santo. Amém.
    Glorifiquemos a Deus com a nossa vida. Vamos em paz e o Senhor nos acompanhe.
    Graças a Deus.

Canto de abertura:
Em vós minha glória manifestarei, * eu vos juntarei e conduzirei, *e com água pura eu hei de lavar-vos, * e um coração novo, então vos darei”.

  1. Vamos juntos dar glória ao Senhor * E ao seu nome fazer louvação. * Procurei o Senhor, me atendeu, * Me livrou de uma grande aflição.
  • Olhem todos pra ele e se alegrem * Todo o tempo sua boca sorria. * Este pobre gritou e ele ouviu, * Fiquei livre da minha agonia.
  1. Acampou na batalha seu anjo, * Defendendo seu povo e o livrando; * Provem todos, pra ver como é bom, * O Senhor que nos vai abrigando.
  • Povo santo, adore o Senhor; * Aos que o temem, nenhum mal assalta. * Quem é rico empobrece e tem fome, *Mas a quem busca a Deus, nada falta.
  1. Ó meus filhos, escutem o que eu digo * Pra aprender o temor do Senhor. * Quem de nós que não ama sua vida, *E a seus dias não quer dar valor?
  • Tua língua preserva do mal * E não deixes tua boca mentir. * Ama o bem e detesta a maldade, * Vem a paz procurar e seguir.
  1. Sobre o justo, o Senhor olha sempre, * Seu ouvido se põe a escutar; * Que teus olhos se afastem dos maus, * Pois ninguém deles vai se lembrar.
  • Deus ouviu quando os justos chamaram * E livrou-os de sua aflição. * Está perto de quem se arrepende; *Ao pequeno, ele dá salvação.

Canto de Comunhão [Salmo 42] (Hinário 2, p. 40),
“Todo aquele que esta água beber, * de novo sede de água terá, * mas quem bebe da água que eu der, para sempre se saciará”.

  1. A ovelha sedenta procura o riacho,
    A minh’alma suspira por Deus, meu amparo!
    Dor e lágrimas são, noite e dia, meu pão:
    “Onde está o teu Deus?”, ouço só gozação.
  2. As saudades que sinto me fazem chorar,
    Quanta coisa se foi, não é bom nem lembrar…
    Quando a gente andava pra casa de Deus,
    Era festa, alegria, louvores, um céu!
  3. Por que estás abatida e confusa, ó minh’alma?…
    Canta esta esperança: “Meu Deus, tu me salvas!”
    Se a tua esperança é o Deus que te salva,
    Por que estás abatida e confusa, ó minh’alma?…
  4. A minh’alma se curva por dentro de mim,
    Qual montanha me faz só lembrar-me de ti…
    Entre fontes e montes, saudades de ti,
    Pequenina montanha, mais nunca te vi!…
  5. São cascatas que estrondam e abismos que ecoam,
    Sobre mim tuas vagas, tuas ondas reboam.
    Pelo dia o Senhor vai mandar seu amor;
    Pela noite, a meu Deus, vou fazer meu clamor.

Roteiro preparado: Penha Carpanedo
Congregação Discípulas do Divino Mestre,
Redatora da revista de liturgia
www.revistadeliturgia.com.br
membro da Rede Celebra

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Desenho: Claudio Pastro

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